right_side

About a Girl

Minha foto
"Nasci em 1992, no interior do estado. A dança-teatro e o cinema formaram meu primeiro imaginário: a palavra vinha como complemento das imagens. Quando descobri os livros, bem cedo, aceitei-os apenas como o lugar das palavras e das idéias, vendo as imagens a que remetiam ou sugeriam, como fantasmas imponderáveis e sem substância, descabidos, impróprios para aquele tipo de veículo. Quando me pedem que fale de mim mesma, sinto o incômodo, pergunto: que imagem devo projetar? Tenho tantas. Acho que a melhor para o caso é a que passo nos próprios posts, de alguém que escreve mas não acredita nos fantasmas das palavras, embora eles sejam inevitáveis. E a melhor forma de conviver sem temor com essas fantasias é jogar com elas, torná-las risíveis, desautorizá-las, de modo a evitar o poder técnico abusivo que tem quem escreve, para iludir o leitor."

Aos destinatários destas palavras

"Pra dilatarmos a alma
Temos que nos desfazer
Pra nos tornarmos imortais
A gente tem que aprender a morrer
Com tudo aquilo que fomos
E tudo aquilo que somos nós"


O Teatro Mágico

Quem lê

Powered By Blogger

Hoje Não Escrevo

Posted on 16:20 In:




















Chega um dia de falta de assunto. Ou, mas propriamente, de falta de apetite para os milhares de assuntos.

Escrever é triste. Impede a conjugação de tantos outros verbos. Os dedos sobre o teclado, as letras se reunindo com maior ou menor velocidade, mas com igual indiferença pelo que vão dizendo, enquanto lá fora a vida estoura não só em bombas como também em dádivas de toda a natureza, inclusive a simples claridade da hora, vedada a você, que está de olha na maquininha. O mundo deixa de ser realidade quente para se reduzir a marginália, purê de palavras, reflexos no espelho (infiel) do dicionário.

[...]

Que é isso, rapaz. Entretanto, aí está você, casmurro e indisposto para a tarefa de encher o papel de sinaizinhos pretos. Conclui que não há assunto, quer dizer: que não há para você, porque ao assunto deve corresponder certo número de sinaizinhos, e você não sabe ir além disso, não revolve os intestinos da vida, fica em sua cadeira assuntando, assuntando.

Então hoje não tem crônica.

Foi

Posted on 04:40 In:




























Faz tempo que estou sem palavras.
Nada fora do comum quando se vive alheia à prescrição do que a vida manda.
Minha vida seguia num rumo só lentamente (sem olhar pros lados)... Posso afirmar que isso terminou hoje - quando o vi com as malas nas mãos -.
Ele esvaziava o guarda-roupa e punha tudo na mala.
Enquanto eu estava ali.
Ele limpava o criado; tirava as gavetas, os livros, filmes e o velho xadrez.
Enquanto isso, eu ainda estava ali com o olhar mais fixo do que nunca.
Quando finalmente guardou os cinzeiros e os cigarros, era impossível esconder de mim mesma que estava realmente indo embora. Mas foi possível deixar as lágrimas rolarem secretamente no quarto felizmente tão escuro.
Que além de escuro tornou-se vazio... abafado... morto.
Eu não conseguia lidar com a falta dos livros e dos cigarros, arruinavam a peça e descaracterizavam os atores...
A cortina não podia se fechar.
Eu ainda estava ali... mas dessa vez a cama era imensa e eu fechava os olhos, pedindo pra conseguir dormir e me perguntando o por que tínhamos de seguir caminhos tão distantes.

Vidro

Posted on 17:17 In:





















Eu não pertenço a você.
Não sou de seu direito ou posse.
Não sou sua boneca, seu objeto de vidro inestimável.
Eu estou livre, eu tenho sonhos e por enquanto eu ainda sinto.
Eu nunca me senti presa com você, e isso sempre me fez te amar cada vez mais... mas hoje eu pude perceber que você, no seu vago silêncio, começa a me afogar.
Me mantém no escuro, "sem rumo e entre seres vazios".

Lúcio

Posted on 06:58 In:





















"Algumas coisas só precisam ser realizadas, a breve sensação de realização, do inesperado e até do mistíco impenetrável."
Foi o que Lúcio me disse depois de tomar mais da metade da cartela de um remédio que ele nem fazia idéia do que era. Só sabia que era sua, sua vida, sua impenetrável vida. E ele fazia dela o que bem entender.
O quarto estava todo quebrado, o porta retrato amassado de tantas reviravoltas de sentimentos com os presentes na foto. Quebrado, remendado, quebrado, remendado... já virara rotina.
Mas será que assim como o porta retrato, seus pensamentos frustrantes e falhos de morrer caíriam também na sua fúnebre rotina?
Felizmente, ou talvez não, o remédio não fez efeito algum, além de uma forte dor de estômago e insônia.
Talvez, algo o fez ficar. Talvez ele devesse viver. Mas não consigo lhe responder o porquê, e cada vez que eu vejo seus olhos desesperados me perguntando, me questionando, procurando a solução nos meus... me sinto a pior das criaturas do mundo.
Porque alguém merece tais sentimentos?
Eu disse que não posso colar os cacos de vidro do seu espelho, nem posso lhe livrar dos pensamentos mórbidos... frequentes.
Mas o que me faz pensar que sou tão diferente assim dele? O que o fez pensar que é tão diferente de mim? Será que em cada um de nós existe um Lúcio que um dia chega no fundo do poço e no outro retorna? Mas e o que acontece com pessoas como Lúcio que caem nesse poço e sinplesmente não conseguem retornam?