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About a Girl

Minha foto
"Nasci em 1992, no interior do estado. A dança-teatro e o cinema formaram meu primeiro imaginário: a palavra vinha como complemento das imagens. Quando descobri os livros, bem cedo, aceitei-os apenas como o lugar das palavras e das idéias, vendo as imagens a que remetiam ou sugeriam, como fantasmas imponderáveis e sem substância, descabidos, impróprios para aquele tipo de veículo. Quando me pedem que fale de mim mesma, sinto o incômodo, pergunto: que imagem devo projetar? Tenho tantas. Acho que a melhor para o caso é a que passo nos próprios posts, de alguém que escreve mas não acredita nos fantasmas das palavras, embora eles sejam inevitáveis. E a melhor forma de conviver sem temor com essas fantasias é jogar com elas, torná-las risíveis, desautorizá-las, de modo a evitar o poder técnico abusivo que tem quem escreve, para iludir o leitor."

Aos destinatários destas palavras

"Pra dilatarmos a alma
Temos que nos desfazer
Pra nos tornarmos imortais
A gente tem que aprender a morrer
Com tudo aquilo que fomos
E tudo aquilo que somos nós"


O Teatro Mágico

Quem lê

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Último Poema

Posted on 19:35 In:




























Assim eu quereria o meu último poema.
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.

A Química entre a Leveza e o Peso

Posted on 19:12

Meus dias chuvosos foram estáveis, quisera eu também serenos.
A ânsia do novo começou, finalmente, a regredir para talvez um inevitável fim das minhas ilusões.
Das desilusões me abastei, enfrentei da maneira mais racional que pude.
Era satisfatório, tinha de ser efêmero.
Será efêmero mesmo se um dia, com a minha prévia calma, se concretizar.
Me senti o ser mais belo por um dia e o mais horrendo no outro, fazia parte, o que estava em jogo era a imagem não a razão.
A futilidade do espelho me libertou da sobrecarga da razão, dos livros, da políticagem e até mesmo do pesado Vade Mecum.
Estou aceitando o que sou, sem pena, sem perder o foco dos meus objetivos.
Prometi não mais me perder do que sou, de reconhecer, por fim, as sábias palavras de Carrol* através do espelho, as brisas de Woolf** sobre meus poemas, o roçar dos gatos sob meus dias e o calento da noite, das cobertas limpas deslizando sob meu corpo.
Finalmente senti que existia, com ajuda? sim.
Não me sinto subjugada ou menos que qualquer um por ter precisado gritar, e gritei... como gritei.
Ao quebrar o silêncio assustei a todos e a mim por cavar fundo demais. Escolhi não me esconder mais na superfície, no submundo do país das maravilhas que sempre criei.
Descobri que existia, que o contato era real e que a química e o poço que cavei feriam, envergonhavam, mas tenho esperança que podem me trazer de volta.
Descobri que posso sobrevoar o real, comandá-lo e, talvez um dia, abraça-lo como parte de mim.
Por enquanto, aceito minha condição de permear entre a existência e a não-existência. Acredito que fará parte do processo de alavancagem, do despertar que me restou.
A menina dos belos cabelos negros disse que talvez o caminho seja esse, disse que se orgulha de mim. Espero um dia me orgulhar com real empatia também, não aquele orgulho de se sentir subjugado em relação ao outro.
Talvez reste tão pouco tempo, ou então seja preciso tempo demais ou talvez, o tempo nem mesmo exista no caminho que escolhi.
Sinto medo, aquela reviravolta no estômago do inesperado. Minhas auto sabotagens me ameaçam com perdas sem oferecer saídas.
Por hoje vou evitar o que me dói, por agora os calmantes levaram o gosto amargo, das enfermidades do corpo você sempre me fortaleceu.
Vou esquecer uma noite o medo de não te ter amanhã ao meu lado e que seja doce enquanto dure.
Apaguei as lágrimas sem cigarros.

*Lewis Carrol
*Virginia Woolf

Posted on 20:07




























e o fato de que a distância aniquila de uma vez ou aumenta o sentimento de maneira assustadora.

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Posted on 22:24 In:

Códigos, bulas, pílulas.
Os olhares densos na farmácia, são tantos remédios "como ela é nova para tomar essas coisas" diz a hesitação nos lábios do farmacêutico ao pedir a identidade.
"Com esse tanto de remédio já esteve internada, pode ter certeza. Deve ser drogas, todos esses jovens de hoje são drogados." diz os olhos da senhora dos cachos branco azulados na fila ao lado.
"Porque você precisa disso minha filha? Você é tão nova, isso é realmente necessário?"

Não falo, não explico.
Ouço os gritos e expresso-os com timidez ao tique-taque da sala do médico. Eu estou louca de tão nova, tão nova como dizem que sou.
Minha mente não fala, não é capaz de reproduzir nem mesmo um mínimo ruído.
O que eu devo fazer doutor? Não quero dormir sozinha essa noite, fico tão pequena naquela cama grande.
A dor não oscila, os sorrisos oscilam em meio a tudo que me dói.
A tudo que sinto, que falta. Falta no que sinto.
Tudo que droga nenhuma preenche, o vazio, a falta do mar.
A falta de amor ao mar.
Eu decepciono a todos que me amam, mutilo as pessoas pagando um preço três vezes mais denso.
Por três vezes foi mais amargo, por três vezes desamei e reaprendi a amar.
Ou talvez, por três vezes não senti nada além do vazio do mar.


























Eu lhe contarei como vai ser daqui pra frente...
Eu a vi no ônibus e.. bem, foi isso. Foi mais do que um passar por você, é mais do que um encontrar de olhos.
Eu lhe contarei o que vai ser de agora em diante...
Eu a vi no ônibus, vi seus sapatos favoritos, mas eles se desmancharam há um tempo atrás...

Tudo bem, não é minha culpa, eu não ligo.
Não me arrependo de nada, não é minha culpa.

Eu lhe digo como tudo vai ser...
Como perder um pedaço, como senti-lo ir embora.
Parta quando escurecer, não ao meu lado, eu não estarei lá para te abraçar.

Vá embora, eu lhe contarei como vai ser...
Não, você nunca poderá segurar minha mão de novo.

Não é minha culpa, eu não ligo.
Não me arrependo de nada, não foi minha culpa.

Você poderia ter tudo
Oh eu te daria tudo, não fosse as mentiras
Você poderia ter tido tudo