Um tumulo, aquele quarto; nossos sofrimentos e temores sepultados em ruínas.
Impossível a ressurreição.
Não me viriam pensamentos amargos, quando em minhas horas de insonia evocasse novamente aquele quarto no segundo andar.
Pensaria nas paredes e em como, entre elas, fui feliz.
Teria recordações do jardim, das rosas no estio do vizinho, dos pássaros e do coral a cantar pela manha.
Do chá sob a sombra do castanheiro emoldurando as paredes, do murmurio dos seus dedos encontrando-se com os meus pela noite.
O luar tem grande influencia sob a imaginação, mesmo a imaginação de quem começa a se desfazer de um sonho.
E ali, queda e silenciosa, eu jurara não ser a minha própria casa, recheada dos seus passos e cachos morenos, uma concha morta, mas um ser que respirara, palpitando vida como outrora.
Meu coracao palpita acelerado; um ardor nos olhos impede-me as lagrimas.
É preciso prometer que o tempo não quebrara a perfeita simetria do que fora,
Mas hei de abrir as mãos, e tirar do concavo minha joia mais preciosa
Para lançar-me ao infinito em busca de outras que virão