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About a Girl

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"Nasci em 1992, no interior do estado. A dança-teatro e o cinema formaram meu primeiro imaginário: a palavra vinha como complemento das imagens. Quando descobri os livros, bem cedo, aceitei-os apenas como o lugar das palavras e das idéias, vendo as imagens a que remetiam ou sugeriam, como fantasmas imponderáveis e sem substância, descabidos, impróprios para aquele tipo de veículo. Quando me pedem que fale de mim mesma, sinto o incômodo, pergunto: que imagem devo projetar? Tenho tantas. Acho que a melhor para o caso é a que passo nos próprios posts, de alguém que escreve mas não acredita nos fantasmas das palavras, embora eles sejam inevitáveis. E a melhor forma de conviver sem temor com essas fantasias é jogar com elas, torná-las risíveis, desautorizá-las, de modo a evitar o poder técnico abusivo que tem quem escreve, para iludir o leitor."

Aos destinatários destas palavras

"Pra dilatarmos a alma
Temos que nos desfazer
Pra nos tornarmos imortais
A gente tem que aprender a morrer
Com tudo aquilo que fomos
E tudo aquilo que somos nós"


O Teatro Mágico

Quem lê

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Under Control

Posted on 12:03 In:





















Eu não quero desperdiçar o seu tempo.
Eu só quero dizer - Eu tenho que dizer,
Nós não temos controle sobre isso
Mas estamos sempre sob controle

Eu não quero do seu jeito
Eu não quero entregar tudo por você
Eu não quero saber...

Eu não quero mudar sua cabeça,
Eu não pretendo mudar o mundo.
Eu só quero te ver passar.
Eu só quero te ver passar.

"Nós éramos jovens, querida"
Nós não temos nenhum controle
Nós estamos fora de controle

Eu não quero fazer do seu jeito
Eu não quero mudar sua cabeça,
Eu não quero desperdiçar o seu tempo.
Eu só quero saber que você está bem;
Eu tenho que saber se você está bem.

"Você é jovem, querida"
Por enquanto,
mas não por muito tempo sob controle.



























Bruscamente, como se o movimento da mão dele tivesse libertado Lily do peso das impressões acumuladas, essas inflaram e extravasaram, numa pesada avalanche, em tudo que ela sentia por ele.
Era só uma sensação.
Então, como a fumaça, elevou-se a essência do ser do sr. Bankes. E agora havia outra sensação. Sentia trespassada pela intensidade de sua percepção: era sua severidade; sua bondade.
Eu o respeito (dirigia-se a ele em silêncio) em todos os seus átomos; você é extremamente altruísta; é mais dedicado que o sr. Ramsay; é o melhor ser humano que conheço; não tem mulher nem filho (ela ansiava por confortar sua solidão), você vive para a ciência (involuntariamente fatias de batatas surgiram diante de seus olhos); elogiá-lo seria um insulto para você; é generoso, puro de coração, um homem heróico!

Em que resultava tudo isso então? Como julgar os outros, pensar sobre os outros? Como se acrescentava uma coisa à outra e se concluía que era afeto ou desafeto o que se sentia? E que sentido atribuir a essas palavras, afinal?
Ela estava de pé, perto da pereira, aparentemente transtornada e inundada pelas impressões sobre esses dois homens.
Seguir o pensamento dela era como seguir uma voz que fala rápido demais para que se possa tomar nota do que diz. E a voz era a sua própria dizendo, sem que lhe sugerissem nada, coisas inegáveis, eternas, contraditórias, tanto que mesmo as fendas e saliências no tronco da pereira estavam irrevogavelmente fixadas ali por toda a eternidade.





























Ali estava ele de pé, esperando-a, na sala da casinha acanhada aonde ela o trouxera, enquanto ela ia um instante ao segundo andar ver uma mulher. Ouvia seus passos rápidos em cima; ouvia sua voz alegre e logo depois baixa. Olhou os guardanapos e caixas de chá, e as sombras dos globos, enquanto esperava, bastante impaciente, ansioso por voltar para casa e decidido a levar a sacola dela. Então ouvi-a sair; fechar a porta; dizer que deveriam manter as janelas abertas e as portas fechadas (devia estar falando com uma criança). De repente, surgiu, parou por um instante em silêncio (como se tivesse ficado representando lá em cima, e por um momento voltasse a ser ela mesma agora), quase imóvel, diante do quadro da rainha Vitória, com a fita azul da Ordem da Jarreteira. Subitamente, ele descobriu: ela era a pessoa mais bela que conhecera.
Com estrelas nos olhos e véus no cabelo, com ciclamens e violetas selvagens – mas em que despropósito estava pensando? Tinha no mínimo cinqüenta anos e oito filhos. Caminhando por campos floridos e levando ao peito botões esmagados e carneiros caídos; com estrelas nos olhos e vento no cabelo... Ele segurou sua sacola.
- Adeus, Elsie – disse ela, e subiram a rua, ela segurando a sombrinha, muito aprumada, andando como se esperasse encontrar alguém na próxima esquina. Pela primeira vez em sua vida, Charles Tansley sentiu um orgulho extraordinário; um homem escavando num bueiro parou de cavar e olhou-a; deixou o braço tombar e olhou-a. Charles Tansley sentiu um orgulho extraordinário; sentiu o vento, os ciclamens e as violetas, pois andava com uma mulher bela pela primeira vez em sua vida. Segurou sua sacola.


- Serpente! - gritou a Pomba com estridência.

- Não sou serpente nenhuma! - disse Alice indignada. - Deixe-me em paz!

- Serpente, repito! - inssistiu a Pomba, mas em tom mais moderado, e acrescentou, com uma espécie de soluço: - Já tentei tudo, todos os lugares, mas nenhum parece dar certo!

- Não tenho a menor ideia do que você está falando - disse Alice.

- Tentei todas as raízes das árvores, tentei as ribanceiras, tentei as cercas... - continuou a Pomba, sem lhe dar atenção - mas essas serpentes! Nada as satisfaz!

Alice estava cada vez mais intrigada, mas achou que era inútil dizer qualquer coisa até que a Pomba terminasse de falar.

- Como se não bastasse ter de chocar ovos - disse a Pomba - ainda tenho de vigiar as serpentes noite e dia! Há três semanas que não consigo pregar o olho.

- Sinto muito esses aborrecimentos todos - disse Alice, que estava começando a entender.

- E justamente quando arranjei a árvore mais alta da floresta, justamente quando pensava estar livre delas afinal, elas parecem vir se retorcendo lá do céu! Serpente, ugh!

- Mas eu não sou sepente, já lhe disse - protestou Alice. - Sou uma... sou uma...

- Bem, você é o quê? - disse a Pomba. - Estou vendo que está tentando inventar alguma coisa!

- Eu... sou uma menina - disse Alice um pouco hesitante, pois se lembrava das inúmeras mudanças que sofrera naquele dia.

- Uma linda estorinha, na verdade! - disse a Pomba com profundo desdém. - Já vi uma porção de meninas na minha vida, mas nunca vi um pescoço tão grande! Não, não! Você é uma serpente, não adianta negar isso. Não vai me dizer que nunca provou um ovo!

- É claro que já comi ovos - disse Alice, que não sabia mentir - mas as meninas comem ovos normalmente, tanto quanto as serpentes, você sabe.

- Não acredito nisso - disse a Pomba - mas se comem, então elas são uma espécie de serpente. É tudo que eu posso dizer.

A ideia era tão nova para Alice que ficou silenciosa durante um ou dois minutos, o que deu à Pomba a oportunidade de acrescentar: - Você está procurando ovos, sei disso muito bem. E que me importa então se você é uma menina ou uma serpente?





















- De que tamanho você quer ser? - indagou.

- Oh, não faço tanta questão de tamanho - apressou-se Alice a dizer - só que ninguém gosta de estar mudando tanto assim, a senhora sabe.
- Não, não sei.

Alice não fez comentários: nunca em sua vida fora tão contestada, e sentiu que estava começando a perder a paciência.

- Está satisfeita agora? - perguntou a Lagarta.

- Bom, eu gostaria de ficar um pouquinho maior, se a senhora quer saber - respondeu Alice. - Oito centímetros é uma altura tão insignificante!

- É uma altura boa, ora essa! - disse a Lagarta encolerizada, erguendo-se ao falar (ela tinha exatante oito centímetros de altura).

- Mas eu não estou acostumada! - argumentou a pobre Alice em tom consternado. E pensou: "Só queria que essas criaturas não se ofendessem tão facilmente".

- Com o tempo vai se acostumar - disse a Lagarta, e colocando o narguilé na boca, começou a fumar de novo.





























Você esta velho, Pai Joaquim - disse o rapaz -
E seu cabelo tão branco como a neve.
Mas de plantar bananeira ainda é capaz.
Na sua idade, você acha que deve?

Quando eu era jovem - respondeu Pai Joaquim -
Temia que o meu juízo se estragasse.
Mas hoje sei: não tenho nenhum, e assim
Vou plantando para que o tempo passe.

Você está velho, já disse - o jovem inssiste -
E engordou de modo descomunal.
Como é que na soleira ainda resiste
Entrar dando um salto mortal?

Quando eu era jovem - o velho diz pacato -
Mantive os membros rijos e fortes
Graças a este unguënto. É bem barato:
Posso vender-lhe dois pacotes?

Você está velho - disse o jovem - e seus dentes
Pra mastigar já estão fracos demais.
No entanto, devora um ganso, é surpreendente.
Me diga: como é que você faz?

Quando jovem - disse o pai - eu era um justo
E discutia tudo com a patroa.
Por isso as mandíbulas, digo sem susto,
Ganharam tal força: não foi à toa.

Você está velho - disse o jovem - e ninguém diz
Que sua vista ainda está certa.
Mas equilibra enguia no nariz!
Quem lhe deu uma cabeça tão esperta?

Já respondi três vezes tais pilhérias
- disse o pai - e não banques o profundo!
Pensas que vou ficar ouvindo lérias?
Some, ou te dou um pontapé nos fundos!

Azul

Posted on 08:38 In:




























Eu tenho pensado em você,
Principalmente depois que você se vai.
Eu fico sempre aqui, pensando muito em você.
Eu não sei se isso é algo bom ou ruim,
Só sei que passo horas pensando em você.
Não sei ao certo se te quero longe ou perto,
Se você me faz feliz ou estraga meus sonhos e planos,
Se me salva ou me destrói.
Não sei se a minha constante necessidade de estar em seus braços ou de ouvir sua voz me embalando como uma menininha para dormir, são desejos saudáveis ou doentios.
A minha mente me traiu de todas as formas, mas as noites podem ser de um azul tão profundo e belo, que a insanidade em que me afogo só me faz pensar mais uma vez em você.






Mariana

Posted on 16:54 In:





























Mais um fim de noite incompleto, uma noite em que Mariana escrevia.
-Mariana! Mariana!
Não queria escutar. A porta continuaria trancada e a janela aberta a espera de qualquer acontecimento que valha a pena.
Só pensava em coisas estúpidas, e já não sabia mais o porquê rabiscava poemas tão mórbidos no pequeno caderno. Não entendia nem um pouco o porquê de sentir tanto ódio.
Ódio de todas as substâncias que o levavam para longe.
"Nenhuma droga pode te levar para longe de si mesmo." - Mais um rabisco no velho caderno reciclável. -
Mariana se fechava diante de problemas, sabia que era inútil, mas simplesmente não conseguia ter outra reação.
Além disso, realmente acreditava que milagrosamente as pessoas poderiam ler a sua mente.
"Vá tome mais um gole, está tudo bem - a mente grita sem palavras."
Tola Mariana, não há corpos perfeitos, cuidados excessivos, objetos materiais, nem palavras ou substâncias químicas que podem saciá-lo.

Natasha

Posted on 12:09 In:



























Tem 17 anos e fugiu de casa
Às sete horas na manhã no dia errado
Levou na bolsa umas mentiras pra contar
Deixou pra trás os pais e o namorado

Um passo sem pensar
Um outro dia, um outro lugar

Pelo caminho, garrafas e cigarros
Sem amanhã, por diversão, roubava carros
Era Ana Paula, agora é Natasha
Usa salto quinze e saia de borracha

Um passo sem pensar
Um outro dia, um outro lugar

O mundo vai acabar
E ela só quer dançar
O mundo vai acabar
E ela só quer dançar, dançar, dançar

Pneus de carros cantam
Thuru, Thuru, Thuru, Thuru...

Tem sete vidas mas ninguém sabe de nada
Carteira falsa com a idade adulterada
O vento sopra enquanto ela morde
Desaparece antes que alguém acorde

Um passo sem pensar
Um outro dia, um outro lugar

Cabelo verde, tatuagem no pescoço
Um rosto novo, um corpo feito pro pecado
A vida é bela, o paraíso é um comprimido
Qualquer balaco ilegal ou proibido

Um passo sem pensar
Um outro dia, um outro lugar

O mundo vai acabar
E ela só quer dançar
O mundo vai acabar
E ela só quer dançar, dançar, dançar

Pneus de carros cantam
Thuru, Thuru, Thuru, Thuru...




Efêmero

Posted on 18:54 In:


















O amor é o efêmero da vida,
A parte que se foi
Antes mesmo de tentar permanecer,
Que não sabe se ama alguém
Ou se apenas ama o simples fato de ser capaz de amar.

O amor é açucar
A paixão diabetes
E nós os tolos, que apesar de tudo, estão dispostos a provar.

Razorblade

Posted on 18:15 In:

Oh, lâmina de barbear,
me encara
me encharca o rosto grotesco
o metal cintilante sussurra convidativo
o espelho se tornou lamentações despedaçadas
Oh, lâmina de barbear,
você realmente pode levar tudo embora?
Não, não pode.
É simplesmente uma lâmina de barbear no canto da pia.
O chão de pedra continua mórbido e gelado
como tudo que eu almejei ter um dia.