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About a Girl

Minha foto
"Nasci em 1992, no interior do estado. A dança-teatro e o cinema formaram meu primeiro imaginário: a palavra vinha como complemento das imagens. Quando descobri os livros, bem cedo, aceitei-os apenas como o lugar das palavras e das idéias, vendo as imagens a que remetiam ou sugeriam, como fantasmas imponderáveis e sem substância, descabidos, impróprios para aquele tipo de veículo. Quando me pedem que fale de mim mesma, sinto o incômodo, pergunto: que imagem devo projetar? Tenho tantas. Acho que a melhor para o caso é a que passo nos próprios posts, de alguém que escreve mas não acredita nos fantasmas das palavras, embora eles sejam inevitáveis. E a melhor forma de conviver sem temor com essas fantasias é jogar com elas, torná-las risíveis, desautorizá-las, de modo a evitar o poder técnico abusivo que tem quem escreve, para iludir o leitor."

Aos destinatários destas palavras

"Pra dilatarmos a alma
Temos que nos desfazer
Pra nos tornarmos imortais
A gente tem que aprender a morrer
Com tudo aquilo que fomos
E tudo aquilo que somos nós"


O Teatro Mágico

Quem lê

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Lacunas

Posted on 13:53























Ver o brilho dos seus olhos escorrer ao encontrar os meus é o que dói mais.
Sentir seu corpo distante e seus ouvidos no timbre do relógio, me trazem pesadelos a noite.
Passei o dia olhando nossas fotografias moreno, pensando no seu toque, senti falta até mesmo do macarrão que você faz.
Como tudo isso parece tão distante hoje, pequenas lembranças que se esvaziam lentamente da minha pele. Pequenos símbolos que de tão bons, tanto doem.
Emagreço.
Amo.
Enlouqueço.
Grito.
Desconheço.
Sou uma total incapaz ao tentar cicatrizar as lacunas, que já se tornaram abismos.
Tornei-me uma pessoa sem voz já faz um tempo, talvez eu deva tentar silenciar também meu coração, como fez você com o seu. A angustia enjaulada nesse órgão me enfraquece de dor, tudo que desejo é ignorar e desacreditar em suas previsões de mau agouro.
Nunca perco a esperança, talvez este seja meu erro. Estou nua moreno, armada somente com a agonia da minha busca que parece nunca ter fim.

Inverno

Posted on 13:34





























Há algo sombrio no pôr-do-sol, não sei se são as cores ou toda a sinestesia presente no contexto, só sei que por trás dos panos do horizonte vejo um aperto. Aperto doído e prolongado. É o anúncio da despedida, do sereno envolvente da madrugada, daqueles que gelam da espinha aos pés.
Enganei-me ao aguardar o inverno, permaneci paralisada pelo medo enorme de ao menos esperá-lo, como uma criança, torturada pela ansiedade. Sempre expressada na solidão do timbre das palavras no papel.
Desta ânsia de batalhas, encontrei-me jogada no tão esperado recinto assombrado. Mal percebera que já era inverno e nada podia-se fazer. Não há preparativos e escudos ao alcance.
Diante do choque do inesperado, sinto a dor de uma mente espancada, vejo meus cabelos ao chão.
Assombra-me o pôr-do-sol, assombra-me ver o vermelho se pôr. Pensar em senti-lo trocado por outros tons petrifica por completo meu corpo e alma. Como toda esta dureza se desdobra em agonia tão rápido?
Meu Deus, vende meus olhos, mas me poupe da balança. Têmis não me concedeu nada além da lâmina. Dê-me a cegueira como anestésico, me cegue da dureza, da angustia dessa dor. Rouba-me a lâmina, a paranoia e meus fantasmas. Faça-o depressa, antes que chegue o pôr-do-sol.

Isolamento

Posted on 15:36





























Amedrontado todos os dias, todas as noites,
Ele a chama em voz alta lá de cima
Cuidadosamente espreitando por uma razão,
Meticulosa devoção, meticuloso amor
Renunciou à auto-preservação dos outros que apenas importam-se consigo
Uma cegueira que toca a perfeição, mas machuca como qualquer outra coisa.

Isolamento, isolamento, isolamento.

Mãe, eu tentei.
Por favor, acredite em mim, estou fazendo o melhor que posso.
Me envergonha as coisas que tenho feito,
Me envergonha a pessoa que sou.

Isolamento, isolamento, isolamento.

Mas se você apenas pudesse ver a beleza,
De tudo que eu nunca poderia descrever,
Destes prazeres - caprichosos, distrativos
Este é o meu único prêmio da sorte

Isolamento, isolamento, isolamento...



Joy Division