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About a Girl

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"Nasci em 1992, no interior do estado. A dança-teatro e o cinema formaram meu primeiro imaginário: a palavra vinha como complemento das imagens. Quando descobri os livros, bem cedo, aceitei-os apenas como o lugar das palavras e das idéias, vendo as imagens a que remetiam ou sugeriam, como fantasmas imponderáveis e sem substância, descabidos, impróprios para aquele tipo de veículo. Quando me pedem que fale de mim mesma, sinto o incômodo, pergunto: que imagem devo projetar? Tenho tantas. Acho que a melhor para o caso é a que passo nos próprios posts, de alguém que escreve mas não acredita nos fantasmas das palavras, embora eles sejam inevitáveis. E a melhor forma de conviver sem temor com essas fantasias é jogar com elas, torná-las risíveis, desautorizá-las, de modo a evitar o poder técnico abusivo que tem quem escreve, para iludir o leitor."

Aos destinatários destas palavras

"Pra dilatarmos a alma
Temos que nos desfazer
Pra nos tornarmos imortais
A gente tem que aprender a morrer
Com tudo aquilo que fomos
E tudo aquilo que somos nós"


O Teatro Mágico

Quem lê

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Branca de Neve

Posted on 23:16 In:




























Palavras da madrugada redigidas em primeira pessoa, resta coragem...
Com amor as águas não teriam turbulência, seria tudo tão fácil.
Poderia ser só paixão, também serve.
A felicidade dos apaixonados, tão almejada.

Podem servir algo que amoleça um coração enrijecido?
Os olhos brilhantes não possuem foco.
Derramam os mais belos poemas. As palavras são as únicas capazes de mudar a feição deste rosto.

Ao vivo não vivo. Sobre a luz da manhã escondo.
Fujo de todos os braços firmes, quero cuidado.
Tudo tem seu preço: será retribuído somente com palavras sujas.
É a puta da esquina, é a virgem Maria.

Seu coração pelo o que quiser de pior em mim, serve?
Perdem tempo, mutilando o que há de vivo por trás das próprias máscaras.
Eu não existo.
Daqui só saem palavras, o coração trêmulo se mantém sempre no peito.

Todos os gestos são descaracterizados, exalam sexo.
Restam as palavras que recebo, são capazes avivar algo em algum lugar.
Até quando?
O tempo voa nesse meu conto (quase que) de fadas.





























O que é a sedução? Pode-se dizer que é um comportamento que deve dar a entender que uma aproximação sexual é possível, sem que essa eventualidade possa ser entendida como uma
certeza. Em outras palavras, a sedução é uma promessa de sexo, mas uma promessa sem garantia.
Tereza está de pé atrás do balcão do bar e os clientes a quem serve bebidas fazem-lhe propostas. Será que acha desagradável esse assédio contínuo de elogios, de subentendidos, de histórias maliciosas, convites, sorrisos e olhares? De maneira nenhuma. Sente um desejo incontrolável de oferecer seu corpo (esse corpo que ela gostaria de banir para longe), de oferecê-lo a essa ressaca.
Tomas não pára de tentar persuadi-la de que entre o amor e o ato do amor são dois mundos diferentes. Ela se recusava a admiti-lo. Agora está cercada de homens que não lhe inspiram a menor simpatia. Que sensação lhe daria dormir com um deles? Tem vontade de experimentar, nem que seja sob essa forma de promessa sem compromisso que é a sedução.
Não nos enganemos, não quer se vingar de Tomas. Procura uma saída para o labirinto. Sabe que é um peso para ele: leva as coisas muito a sério, vê tudo pelo lado trágico, não consegue entender a leveza e a futilidade alegre do amor físico. Como gostaria de aprender a leveza! Queria que a ensinassem a não ser anacrônica!




























Notas dispersas.
Móveis espalhados ao acaso.
Vento dando de cara contra a parede.
Luzes fragmentadas.
Apenas restos de falas. As que consigo lembrar.
Promessas. Por que perder seu tempo?
Tua voz. Minha cabeça rodando.
Recordações dos teus versos, dos teus gemidos, daquilo que pareceu, por um instante, ser o que eu viria a amar em você. Desperdício de intenções.
Sobra de descuidos e inverdades. Tua camisa, emprestada em um dia de chuva. Jogada ao acaso sobre minha televisão. Não toco.
Não consigo encostar. Te mando pelo correio? Jogo fora?
Teu tom, teu som, tuas marcas no meu violão.
Apago tudo fechando os olhos.
[...]

Eu espero

Posted on 22:05 In:




























Na noite passada fui questionada sobre o significado das memórias encrustadas de sensações antigas, sentimentos passados que nós assustam tanto mas que desejamos mais do que tudo possuir novamente.
O que significa essa falta de sentimentos que dura tanto, que nós persegue de maneira miserável mas que pode, facilmente, se acabar de uma hora pra outra?
Nunca foi capaz de ser gradual, não comigo. Ou é sim ou é não, nunca há o que aprender.
Está entre o momento em que saímos por uma porta, despreocupados, e o breve retorno, sim o retorno é tão diferente. Há toda uma bagagem de sentimentos e reviravoltas que voltam e estão intimante ligadas a esse breve momento do retorno.
A pequena menina me confessou que sentia falta de olhos brilhantes mas que, no fundo, era melhor assim estaria fora do mundo por um tempo.
Também sempre acreditei nisso por muito tempo, confesso, mas lhe disse que há muito o que conhecer e que há pouco me descobri extasiada por um novo saber.
Não sente medo? - me perguntou. O que será se tudo der errado? Como ficará se todos se forem de uma vez por todas? Não tem medo de ficar sozinha?
Respondi-lhe que não mais, que cair mil vezes me fará melhor do que a estagnação.
Ela sorriu e disse que quando sentisse medo era nisso que ia pensar, despediu-se "Te ligo amanhã". Não ligou.
O silêncio das pessoas é algo que sempre me inquietou, mas o meu próprio consegue ser mais desconfortante. Sempre tive receio de procurar as pessoas e não ter o mesmo retorno, sempre.
Olhei o celular em busca de alguma mensagem ou chamada perdida durante toda a semana.
A pequena um dia volta com novas perguntas, eu sei. Eu espero.


Cores Quentes

Posted on 02:12 In:



















Vamos ser francos, nunca havia te enxergado além de um rascunho.
No entanto, há cafeína ao extremo nessas madrugadas;
Há corredores e jardins virgens em rubro escarlate.

Ainda resta culpa que se ampara no equilíbrio.
Culpa que enxerga êxtase na fuga.
Por agora, já se foi.
Ficaram somente as cores quentes, você é capaz de ouvi-las?

Está tudo guardado na interpretação da obra, pois no fundo,
Sempre busquei mais que o excesso.
Seu desejo pela composição da forma mais pura, trouxe Sofia,
Tão singela de volta pra mim.

Vi a lua essa noite e quis dormir sem poesia, mas Caroline não deixa.
Caroline se faz presente, traz as horas, traz o homem.
Saiu do rascunho, ficou pra rimar.


Stella

Posted on 01:21 In:























God was there,
Always had the best of drugs,
knew where to get them, brought a ladyfriend...
And i believe her name was Stella,
and he said: Stella, Stella,
i wanna give you the world if you just stay with me tonight.





























Não quero amar o braço descarnado
Que se oculta em meu braço, nem o peito
Silente que se instala no meu lado.
Na presente visão de seu passado
Em futuro sem tempo contrafeito,
Em tempo sem compasso transmudado.
O morto que em mim jaz aqui rejeito.
Quero entregar-me ao vivo que hoje sua
De medo de perder-me em pleno leito.
A luz de ardente e grave e cheia lua.

Quando chegares ao aeroporto,
ainda não terás chegado;
quando chegares até meu abraço,
ainda não terás chegado;
quando chegares a alguma casa,
ainda não terás chegado;
quando chegares até o centro,
até o centro de meu ser,
ainda não terás chegado,
ainda não terás chegado.

Mas quando fores para teu leito
mas quando a sós adormeceres
e quando tudo estiver escuro
quando eu, de pé, ao pé de teu sono,
sentir teu sono, teu sono justo -
aí então terás chegado,
terás chegado.

De Leão

Posted on 21:50 In:















Não, sim e não. Sim, não e sim.
Melhor opor o 8 aos 80 do que sentir tudo meia-boca, feito fuligem: decidir por cair três vezes de cabeça ao invés da estagnação, do nada.
Quebrar rotinas como quem troca de roupa, enfiar prosa na poesia - entre achados e perdidos, preto no branco, acabemo-nos todos, ímã que se partilha.
Pôr um preço alto na alma e esquecer o corpo: decidir pela sonoridade da leveza e pela solidão sem jargões, pura e simples.
Ser mais Rolling Stones do que Beatles, escancarar, só quem se mostra vive de verdade. Ser fugaz, ter tesão pelo estrago.
Bom de se vestir é sempre tirar a roupa depois, isso que fica sobre a pele é tão removente, sobressalente, sempre.
Viver sempre na verdade, isto é, na própria verdade. Egoísmo alheio recheado de princípios próprios, sem moralismo.
Reinventar a própria realidade, quantas vezes for preciso e com quantas pessoas for preciso.
Por outro lado... todavia... através do espelho... como ser aqui, isso, se não se conhece o outro aí?
Não venha me dizer, mais uma vez, que é apenas personalidade forte.



























Toda vez que penso em você
Eu sinto passar um raio de tristeza por mim
Não é um problema meu, mas é um problema que acabei encontrando
Vivendo uma vida que não posso deixar para trás
Não faz sentido me dizer:
"A sabedoria de um tolo não vai te libertar"
Mas é assim que as coisas são
E é o que ninguém sabe é que a cada dia minha confusão cresce

Toda vez que vejo você no chão
Eu fico de joelhos e rezo
Estou esperando pelo momento final
Que você dirá as palavras que não posso dizer

Eu me sinto bem, tão bem
Estou me sentindo como nunca estive
Eu simplesmente não sei o que lhe dizer
Porque não podemos ser nós mesmos como eramos ontem?
Eu não tenho certeza do que isso significa
Eu não acho que você seja o que mostra
E na verdade admito para mim mesmo, que machucar outra pessoa
Jamais me mostrará a verdade que deveríamos ter sido

Toda vez que vejo você caindo
Eu fico de joelhos e rezo
Estou esperando pelo momento final
Que você dirá as palavras que não posso dizer





















[...] De perto ou de longe todo mundo estaria olhando; era preciso, de uma maneira ou de outra,
representar uma comédia diante de todo mundo; em vez de ser Sabina, ela seria forçada a representar o papel de Sabina e a descobrir a maneira de representá-lo. O amor oferecido ao
público como um alimento ganhava peso e tornava-se um fardo. Só de pensar nisso curvava-se, por antecipação, sob esse peso.
Estava ainda em plena confusão e não sabia se devia ou não ficar contente. Pensou no encontro deles no vagão-leito do trem de Amsterdã. Tivera vontade, naquele dia, de se jogar a seus pés, suplicando-lhe que ficasse com ela, de qualquer maneira, e que nunca mais a deixasse partir. Naquela noite, quis acabar de uma vez por todas com essa perigosa viagem de traição em traição. Teve vontade de parar.
Voltaram para o hotel no meio da animação da noite.
Sabina fez sua toalete no banheiro bem devagar, despiu-se e olhou por longos minutos no espelho do quarto de hotel. Enquanto Franz a esperava embaixo das cobertas da estreita cama de casal. Como sempre, havia uma pequena lâmpada acesa.
Voltando do banheiro, desligou o interruptor. Era a primeira vez que fazia isso. Franz deveria ter desconfiado desse gesto. Não deu importância para ele a luz não tinha a menor importância. Durante o amor, como sabemos, ele fechava os olhos. É justamente por causa dos olhos fechados que Sabina apaga a luz. Não quer mais ver, nem por um segundo, essas pálpebras fechadas. Os olhos, como se diz, são a janela da alma. O corpo de Franz debatendo-se sobre ela com os olhos fechados é para ela um corpo sem alma. Parece um pequeno animal, ainda cego,
emitindo sons chorosos por que tem sede.
Não, não quer nunca mais vê-lo debater-se desesperadamente sobre ela, hoje é a última vez, irrevogavelmente a última!
Sem dúvida nenhuma, sabia que sua resolução apenas de como ele era na cama era a maior das injustiças, que Franz era inteligente, entendia seus quadros, era bom, honesto, bonito, mas, quanto mais reconhecia suas qualidades, mais tinha vontade de violar essa inteligência, essa força débil.
Amou-o nessa noite com mais ardor que nunca, excitada com a idéia de que seria a última vez. Amava-o e já estava em outro lugar, longe dali. Já ouvia soar ao longe a trombeta de ouro da
traição e sabia ser incapaz de resistir a essa voz. Parecia que diante dela se abria um espaço de liberdade ainda imenso, e a imensidão desse espaço a excitava.
Um sobre o outro, ambos cavalgavam. Iam ambos em direção às distâncias que desejavam. Aturdiam-se ambos numa traição que os libertava.
Franz cavalgava Sabina e traía sua mulher, Sabina cavalgava Franz e traía Franz.





















O que é viver na verdade? Uma definição negativa é fácil: é não mentir, não se esconder, não dissimular nada.
Para Sabina, viver na verdade, é mentir nem para si nem para os outros, só seria possível se vivêssemos sem público. Havendo uma única testemunha de nossos atos, adaptamo-nos
de um jeito ou de outro aos olhos que nos observam, e nada
mais do que fazemos é verdadeiro. Ter um público, pensar no público, é viver na mentira. Sabina despreza a literatura em que o autor revela toda a sua intimidade, e também a de seus amigos.
Quem perde sua própria intimidade perde tudo, pensa Sabina. E quem a ela renuncia conscientemente é um monstro. Por isso Sabina não sofre por ter de esconder seu amor. Ao contrário, para ela esta é a única forma de viver na verdade .

Caroline

Posted on 20:28 In:



















Me peguei essa noite pensando no seu sorriso, e na forma que você as vezes simplesmente me olha sem expressar nada por breves instantes.
Que palavras são essas que me dizes sem dizer? Quais cores escondidas atrás do que realmente quer dizer? Tenho me confundido na tentativa de te decifrar.
Tenho me confundido a maioria do tempo em que me pego pensando em você.
E quando eu penso demais, não há lua, não há nada por trás da minha auto traição. Minto, há álcool.
Com o álcool eu olhei fortemente para os resquícios líquidos que sobraram em mim e tive a certeza de que poderia abrir mão de tudo que já não sinto e escolher. Sim, a única coisa que me veio na hora foi como eu poderia facilmente me apaixonar por você.
Poderia?
O que é fácil, banhado pela essência de serotonina da noite, é sempre tão difícil sobre a luz da manhã.
Fiquei sóbria e corri, corri até não poder mais. Eu fugi mais uma vez.
As pessoas tem muito pudor. Pudor de parecer ridículos, melosos, românticos, banalizarem o amor.
Eu tenho medo é de nunca ser capaz de banalizar nada. O meu medo vem da ausência de humanidade, é um egoísmo chulo e desnecessário que me conforta, me mantém longe do teu sorriso.
A questão agora é: Você existe ou eu simplesmente te inventei esse tempo todo?
Enquanto não encontro a resposta, continuo vivendo de velhos sonhos límpidos que, por enquanto, só enganam.