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About a Girl

Minha foto
"Nasci em 1992, no interior do estado. A dança-teatro e o cinema formaram meu primeiro imaginário: a palavra vinha como complemento das imagens. Quando descobri os livros, bem cedo, aceitei-os apenas como o lugar das palavras e das idéias, vendo as imagens a que remetiam ou sugeriam, como fantasmas imponderáveis e sem substância, descabidos, impróprios para aquele tipo de veículo. Quando me pedem que fale de mim mesma, sinto o incômodo, pergunto: que imagem devo projetar? Tenho tantas. Acho que a melhor para o caso é a que passo nos próprios posts, de alguém que escreve mas não acredita nos fantasmas das palavras, embora eles sejam inevitáveis. E a melhor forma de conviver sem temor com essas fantasias é jogar com elas, torná-las risíveis, desautorizá-las, de modo a evitar o poder técnico abusivo que tem quem escreve, para iludir o leitor."

Aos destinatários destas palavras

"Pra dilatarmos a alma
Temos que nos desfazer
Pra nos tornarmos imortais
A gente tem que aprender a morrer
Com tudo aquilo que fomos
E tudo aquilo que somos nós"


O Teatro Mágico

Quem lê

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Maior Abandonado

Posted on 19:09 In:

"Me ame como a um irmão.
Seu corpo com amor ou não.
Mentiras sinceras me interessam,
Pequenas porções de ilusão."

por Cazuza
(a contradição das duas primeiras estrofes é fascinante)

Iá-iá

Posted on 19:04 In:


E lá se foi maria.
Passou os últimos 5 anos prostrada em uma cama, a não ser pra rezar sua missa na tv, devota como sempre foi.
E lá se foi maria.
Adeus maria, mariazinha, maria bisa, maria amor.
E a lição de hoje?
Aproveite a vida ao som de boys don't cry - the cure

Carta para Maria.

Posted on 10:20 In:

Minha querida Maria,

Ontem quando fui me deitar, havia uma libélula muito branca em repouso no meu travesseiro.
Fiquei intrigada de como esse pequeno inseto havia parado nas alturas do décimo andar do edifício em que moro.
Fui me aproximando lentamente da cama e então ela começou a voar em todos os cantos do quarto, até parar na porta. Eu a fechei do lado de fora com cuidado pra ela não se danar a voar de novo, deitei na cama e peguei um livro pra ler. Mas escutei novamente um barulho de asas. Olhei pro chão perto da porta, e lá estava ela. Havia passado por debaixo da porta e voltado pro quarto.
Fiquei imóvel esperando para o que ela ia fazer, então ela pousou no meu colo por um breve instante, voou um pouco mais ao meu redor, e foi embora pela janela ao meu lado.
Nesse exato momento Maria, eu me lembrei de você.
E mesmo que você não se lembre de quem sou eu, ou mesmo que você nunca tenha podido guardar meu nome, minha voz, minha fisionomia atual... no fundo eu sei que você se lembra da menininha de vestido vermelho que ia te visitar nos fins de semanas e que planejava secretamente uma coreografia desengonçada de dança pra você.
A verdade é que ela sempre te viu como alguém fraca e dependente, mas isso não significa que ela nunca te amou. E sim Maria, ela te ama, e a menininha que cresceu também.
E ao apagar as luzes do quarto, senti uma lágrima quente na minha face. A janela estava aberta, e aquela lágrima parecia escondida pela fraca luz do luar.
Veja, não diga que a canção está perdida. Tenha em fé em Deus, tenha fé na vida.
Tente outra vez...
Beba, pois a água viva ainda está na fonte, você tem dois pés para cruzar a ponte.
Nada acabou...
Tente. Levante sua mão sedenta e recomece a andar. Não pense que a cabeça agüenta se você parar...
Queira. Basta ser sincero e desejar profundo, você será capaz de sacudir o mundo.
Tente outra vez...
Tente e não diga que a vitória está perdida, se é de batalhas que se vive a vida...
Há uma voz que canta, há uma voz que dança, há uma voz que gira bailando no ar.

Letra de música no fim da carta por Raul Seixas.

Capitu

Posted on 19:07 In:
Embora as vezes completamente distante do mundo ao meu redor, há momentos em que eu procuro, mesmo das mais inoportunas maneiras, saber quem são as pessoas a minha volta.
E as vezes isso se torna tão obsessivo e doentio, que começo a criar a própria história de vida desses desconhecidos e a relacioná-la com a minha.
A lembrança constante desses personagens, e o que eles são pelos vestígios que deixam pra mim direta ou indiretamente, me lembram da história de Capitu.
Para quem nunca ouviu falar, a história de Capitu se passa diante de pistas, frases mal faladas, vestígios e suposições.
Ao me comparar, realmente me sinto uma verdadeira investigadora, mas isso nunca me esboçou algum sorriso, pelo contrário. Minhas investigações sempre me levam ao mesmo conto.
Essa semana percebi o quanto sou devoradora de vestígios e o pior! Percebi o quanto a minha imaginação é grande e leve, tão leve que me faz flutuar em todos as águas dessa vida e da vida desses "personagens", se é que posso chamá-los assim.
Mas na maioria das vezes, a história se passa assim:
O tal personagem, ou a tal como é na maioria das vezes, tenta me tomar um bem preciosíssimo. E sabe exatamente que esse bem é o meu maior ponto fraco. E obviamente eu tenho que enfrentar esse personagem de alguma forma e quando isso não é possível, manter meu bem precioso bem longe dele.
Eu me sinto até mais forte quando lido com esses personagens, sempre gostei de discussões e brigas. Nunca entendi o porque.
A história sempre se repete, já foi real? Sim. Já foi algumas vezes.
Mas essa semana percebi, que assim como a história de Capitu poderia ter sido obra de uma insanidade ou delírio, as minhas também podiam ter sido fruto dos meus contos mais secretos abandonados em cadernos baratos e escritos pela metade.
Então criei uma nova filosofia para cada vez que eu estiver investigando a vida de alguém a fundo para saber: Porque essa pessoa se aproxima dos meus bens?
Mas antes de mais nada pus na minha cabeça que nada me pertence, além do que é material e eu comprei com meu mísero dinheiro de jovem de quinze anos que não trabalha. Além disso, se não é meu as outras pessoas tem o direito de se interessarem. E o principal, se eu não tenho paciência pra escrever os meus contos, que compre um gravador!
A minha nova filosofia, como ia dizendo, tem me tirado a idéia de que todo mundo que se aproxima do que é precioso para mim é um psicopata.
E na verdade é bem mais simples do que parece: apenas tentar se preocupar com o que é realmente real, e não fruto das histórias mal contadas da minha mente.
Não que eu tenha parado de dar as minhas investidas de Agatha Christie por aí, mas eu nunca consegui assimilar essa pessoa que eu sou com a que posso me tornar quando me sinto ameaçada de perder meu bem precioso.
Talvez a psicopata seja eu mesma, mas prefiro ficar com a teoria do gravador.

Eterno Dezoito

Posted on 17:46 In:
Talvez não seja o fim de uma era, mas sim uma insistência de que seja o fim.
Eu sempre desejei em minhas mais profundas e secretas orações que tudo aquilo voltasse.
Talvez seja exagero, talvez não. Afinal, é apenas uma data. Mas sim, é importante pra mim.
Não me importa as palavras de angústia ou lágrimas, mas apenas a felicidade que se apoderou completamente de mim na primeira data.
Eu quero uma data que me lembre alegria, amor e felicidade! Aquela felicidade tremenda irradiando a todo canto que eu passava. E essa felicidade eu só sinto com o dia 18. E com o 18 eu lembro das rosas, do número que sempre escolhi, que sempre esperei. Eu sempre tinha certeza que algo especial me aguardava nessa data.
Querendo ou não me lamentar, eu sinto falta do 18 e do que ele trazia pra mim.
Eu sei, eu sei. Talvez quem o abandonou fui eu mesma, mas abandonei numa súplica desesperada de paz de espírito e calma. Ou talvez, nas meus mais secretos desejos de sentir a felicidade irradiando de novo.
Hoje percebo que datas especiais não provem de número algum, mas de nossos atos e sentimentos.
E as vezes, de alguma janela a luz do luar com canções escritas com juras de amor.

A Luz da Janela

Posted on 21:25 In:

Recordações e fantasias do dia de chuva com cheiro de terra molhada se misturando com o cheiro do café recém coado.
Enquanto sentia uma fria brisa nos cabelos, e as luzes da cidade nos nossos rostos sobre a janela.
O abraço era quente e eu desejava que sem fim.
As juras de ver o dia amanhecendo daquela mesma janela tinham um timbre tão verdadeiro e amável, que eu apenas fechei os olhos e vivi cada segundo daquele momento e daquela brisa.

Além dos Olhos

Posted on 16:57 In:

Quanto vive o homem, por fim?
Vive mil anos, ou um só?
Vive uma semana ou vários séculos?
Por quanto tempo morre o homem?
Que quer dizer para sempre?

Pablo Neruda

De Volta ao Palco

Posted on 10:57 In:
O fracasso do sexo vem da falta de imaginação.
O fracasso da imaginação vem da falta de poesia.
E a poesia tinha de vir do meu fracasso.
E na minha cabeça as lembranças se confundiam.
Vozes murmuravam segredos, conspiravam contra mim.
Bocas se abriam em sorrisos forçados.

Fernando Sabino

Love Song

Posted on 15:38 In:

Sempre que estamos a sós,
Eu me sinto como se estivesse em casa novamente
Sempre que eu estou com você,
Eu me sinto como se estivesse completo novamente.

Sempre que estamos a sós,
Eu me sinto como se voltasse a ser criança
Sempre que eu estou com você,
Me sinto como se eu fosse engraçado de novo

Sempre que estamos a sós,
Me sinto como se eu estivesse livre de novo
Sempre que eu estou com você,
Me sinto como se eu fosse puro de novo

Embora a distância,
Eu sempre amarei você
Por mais longe que eu esteja,
Eu sempre amarei você
O que quer que eu diga,
Eu sempre amarei você,
Eu sempre amarei você.

The Cure

Cômodo Passado

Posted on 12:20 In:

E pra todo lado que olho me vejo mergulhada de lembranças salvas em pequenas frases, objetos e momentos revivenciados pela mente de um ano que não volta mais. De um amor que não é, e nunca vai ser mais o mesmo.
E o mais estranho é que ele continua aqui em presença física, mas não há mais o elo. O elo só existe entre palavras e uma marca de um anel que se foi. O elo só existe no passado.
E o mais estranho ainda é que não consigo arrancar tudo dele que suga meu coração, porque eu sei que para isso eu preciso arrancar primeiro as lembranças, pra daí sim esquecer a esperança.

Cada um tem seu ponto fraco, você é o meu. Porque não? O único que me recuso a concertar.

Faces

Posted on 09:04 In:

Tenho duas faces,
uma quase bonita
e uma outra quase feia.
Então o que sou?
Sou o tudo, sou humana, sou você ou o próximo personagem que vier.
Eu finjo tão bem que estou além do fingimento.
Posso ouvir a pior frase do meu dia e logo em seguida ouço duzentas e noventa e nove vezes o mesmo disco, lembro poesias, dou piruetas, sonho, invento, abro todos os portões e quando vejo a alegria está instalada em mim.
Eu finjo pra você e finjo pra mim.
Eu flexiono todos os verbos e faço deles a minha arte.
Corro pelas folhas secas de uma floresta ampla que fica em algum lugar e encontro Lydia.
Passo horas na França no aconchego da Casa do Sol Nascente e dou um beijo na Anita.
Atravesso a fenda secreta do jardim e passo horas na cadeira de balanço no fundo do cômodo observando Rebeca.
Fujo da pior face masculina, mas sem medo, paro para olhar em seus olhos e vejo a sabedoria de Polly.
Eu poderia escrever um livro de todas as minhas amadas, que não se cansam de me ensinar a viver.

A Carta Prevista

Posted on 17:58 In:

Caro James,
Uma estranha sensação tomou conta de mim nesse momento. Desilusão conhece? Como quando você tem um ídolo punk e daí ele resolve virar skinhead... Não sei lhe explicar, acho que não consigo mais aguentar sentir isso por muito tempo.
Me perdoe. As coisas se tornaram tão inconstantes que meu medo de "solidão" começou a falar por mim, e até sofrer por coisas que não são o apocalipse. Mas eu fico aqui pensando... Será que eu quero continuar assim? A palavra inconstante aparece todos os dias no meu coração, já virou tatuagem do tanto que insiste em se marcar. Que sentimento é esse que vive entranhado mas pode causar felicidade num dia e desespero no outro? Pode ser puro de manhã e chegar ao fundo sujo e vazio no fim do dia. Algo capaz de despertar meu pior lado humano, um lado que nenhum vicio pode deter. Eu quero ir embora. Eu quero tanto ir embora. E o verbo final é depender.
ps: Você tem todos os meios para me jogar no fundo do poço sempre que quer, eu tenho só as palavras e as palavras são o que sou da maneira mais pura e sincera querido.

Da (que um dia foi) sua,
Lydia.

Carta destinada a um futuro [próximo ou distante] de quando a "Lydia conhecer seu soldado" e abandonar tudo e todos.
escrita em 29-02-2008