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About a Girl

Minha foto
"Nasci em 1992, no interior do estado. A dança-teatro e o cinema formaram meu primeiro imaginário: a palavra vinha como complemento das imagens. Quando descobri os livros, bem cedo, aceitei-os apenas como o lugar das palavras e das idéias, vendo as imagens a que remetiam ou sugeriam, como fantasmas imponderáveis e sem substância, descabidos, impróprios para aquele tipo de veículo. Quando me pedem que fale de mim mesma, sinto o incômodo, pergunto: que imagem devo projetar? Tenho tantas. Acho que a melhor para o caso é a que passo nos próprios posts, de alguém que escreve mas não acredita nos fantasmas das palavras, embora eles sejam inevitáveis. E a melhor forma de conviver sem temor com essas fantasias é jogar com elas, torná-las risíveis, desautorizá-las, de modo a evitar o poder técnico abusivo que tem quem escreve, para iludir o leitor."

Rabiscos Velhos

Aos destinatários destas palavras

"Pra dilatarmos a alma
Temos que nos desfazer
Pra nos tornarmos imortais
A gente tem que aprender a morrer
Com tudo aquilo que fomos
E tudo aquilo que somos nós"


O Teatro Mágico

Quem lê

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Tolerável

Posted on 18:10 In:

Porque as pessoas que mais amamos são as que mais nos magoam?
E porque as pessoas que mais magoamos são as que mais amamos?
Por outro lado,
se amamos tanto essas pessoas, como saber se elas realmente nos amam ou nos toleram porque é preciso?

A família é tolerável.
O amigo é tolerável.
O trabalho é tolerável.
O parceiro é tolerável.
Até a diversão é tolerável.
O amor virou algo tolerável (para o lamento das palavras de Jane Austen).

O Teatro

Posted on 18:44 In:

Estou doente
Foda-se!
Aquele tal cara bonitão é gay
Foda-se!
Estou com tédio
Foda-se!
Há uma espinha enorme no meu rosto
Foda-se!
Estou com fome
Foda-se!
Já deram os três sinais
Foda-se!
A fantasia 'pinica'
Foda-se!
Descobri que meu amigo me odeia
Foda-se!
Perdi a voz
Foda-se!
Estou com sono
Foda-se!
Fiz um buraco na minha franja
Foda-se!
Estou pagando multa na biblioteca
Foda-se!
Nervosismo extremo
Foda-se!
Meu namorado me magoou hoje
Foda-se!
Sinto falta de um amigo que não merece
Foda-se!
As luzes acenderam
Foda-se!
Estou com frio
Foda-se!
A platéia já se acomodou
Foda-se!
Os críticos já se acomodaram
Foda-se!
A música começou
Foda-se!
Não há lucro financeiro
Foda-se!
Aperto no estômago
Foda-se!
Unem-se as mãos,
mesclam-se as mentes
faz-se arte.

MERDA!!!

Posted on 08:43 In:

"É terrível dizer, mas, no fundo,
o amante não está querendo saber "quem é" em realidade seu parceiro.
Estouvado em seu egoísmo, ele se contenta de saber que o outro lhe faz um bem incompreensível...
Os amantes permanecem um para o outro, em última análise, um mistério."

Posted on 07:39 In:
Ouse, ouse... ouse tudo!
Não tenha necessidade de nada!
Não tente adequar sua vida a modelos, nem queira você mesmo ser um modelo para ninguém.
Acredite: a vida lhe dará poucos presentes.
Se você quer uma vida, aprenda... a roubá-la!
Ouse, ouse tudo!
Seja na vida o que você é, aconteça o que acontecer.
Não defenda nenhum princípio, mas algo de bem mais maravilhoso: algo que está em nós e que queima como o fogo da vida!

Posted on 07:35 In: ,

Primeiro, eles vieram atrás dos comunistas.
E eu não protestei, porque não era comunista.
Depois, eles vieram pelos socialistase eu não disse nada, porque não era socialista.
Mais tarde, eles vieram atrás dos líderes sindicais.
E eu me calei, porque não era líder sindical.
Então, foi a vez dos judeus.
E eu permaneci em silêncio porque não era judeu.
Finalmente, vieram me buscar.
E já não havia ninguém para protestar.


Ei, meu bem, vem cá
continue me abraçando
que eu fico contigo essa noite.

A palavra de quatro letras
fica martelando na minha cabeça
A palavra mais suja que eu já disse.

Por tudo que é valioso
Eu te amo
E o pior é que eu realmente amo

E o que é pior eu vou correr, correr, correr
Até alcançar você
E o pior é que eu ainda amo você

Ei, meu bem, volta...
Não haverá mais nenhum ataque platônico
E eu prometo que irei me esforçar essa noite.

A palavra de quatro letras já não está na minha cabeça
Volta aqui
Volte a me ligar
Continue fazendo com que eu me sinta bem

Por tudo que é valioso
Eu gosto de você
E o pior é que eu realmente gosto

As coisas foram ruins
Mas nós nos divertimos muito
Até eu dizer que te amava...
E o pior é que eu realmente amo

Por tudo que é valioso
Eu te amo
E o pior é que eu realmente amo.

Nuvens

Posted on 17:22 In:
Finalmente parei de abafar todos os ruídos e pisei no chão.
Posso afirmar, que infelizmente já sei tudo o que vai acontecer. E esse sim é o maior problema, o tal do saber.
Sei que todos irão se afastar e sei de todos os seus planos, porque a distância já foi meu plano também, mas o corpo falhou na hora de continuar. Os ossos enfraquecem o todo.
Minha presença empobrece, sinto dizer que a sua ainda mais.
E tudo gira num imenso tumor, nos intupiram de medicamentos que não curam, mas dão náusea, não aliviam em nada e deixam sequelas.
Eu oscilo, sempre.
Os olhos hoje me dão medo. Que olhos?
Aqueles olhos da canção sabe? Aqueles que são mencionados bem no início, que dão segurança pro refrão e fascínio a composição completa.
Os olhos hoje são diferentes. Que hoje?
Hoje, hoje. Só pude os ver hoje, senão teria visto antes. Mas não foi o mesmo vê-los hoje e vê-los antes. Os olhos de hoje sangram, pois eles faltam. Faltam o que?
Sentimentos.
Acho que não são mais capazes de enchergar. E os meus podem ver demais.
Sinceramente não sei qual dos dois eu prefiro.
Quando a verdade se desenha em cada espelho, o corpo grita, o coração explode e a garganta arranha, só me resta a teoria das nuvens.
Voltemos então, há dois anos atrás. Onde existiam nuvens sólidas e os enigmas eram diversão.
Vapor e razão, textura e ilusão, mentira e verdade. Tudo clichê demais, é fato.
Que tipo de monstro nos tornamos perto um do outro?
Nuvens.
Nuvens, tão superficialmente delicadas e estáveis.
Nuvens, tão subjetivas e cheias de nada.
Nuvens, tão egoístas e ingratas na sua própria rota.
Acamemo-nos todos, mas sempre na chuva.

Hemorragia

Posted on 09:45 In:

O 1º ato fala sobre uma moça que usou a máscara Hannya, e devido aos seu ciúme doentio e cegueira crônica, destruiu o que uma menina, menos experiente obviamente pois era uma menina oras!
Pois bem, a moça fez questão de sugar tudo o que a menina pensou que tinha.
A moça convocou toda a tribo dos caras pintadas e disse: - Afiem as lanças porque essa máscara que uso é sagrada, e Deus falou comigo. Disse que se não atacarem vocês serão privados de mim, toda poderosa que possuo a máscara Hannya. E sem mim vocês não serão nada.
Mas, as lanças que mais feriram, foram as dos integrantes da tribo dos caras limpas, pois juntamente com a máscara Hannya, suas lanças trocavam amor por ódio, humildade por orgulho e razão por emoção.
Só sobrou pele morta, mas pele verdadeira, com textura e tudo mais.
Sobrou também um fundo de certeza em todos, que ela irá nascer de novo.

O Lamento

Posted on 08:02 In:
Caro Miguel,

No momento, eu estou aos prantos.
Tudo que li me doeu até não poder mais, mas tudo que senti foi abafado até eu encontrar a habitual janela e o habitual céu estrelado... foi dessa maneira que tudo veio a tona.
Fui apunhalada de todas as formas e devolvi apenas à única pessoa que se importou.
Li todas as minhas cartas e percebi que fui traída aré mesmo por minhas próprias palavras.
Tudo, tudo que escrevi, tudo que fiz, tudo que predestinei para outra pessoa, para a pessoa errada, acabou acontecendo.
E no final eu disse "Prazer, sou eu a pessoa errada, agora posso voltar a olhar pela janela?"
Miguel, me ajude a gritar. Eu quero tanto gritar Miguel! Abafar tudo nos seus braços. Eu não quero ser a cretina.
E nesse momento, só consigo pensar em tudo que fizemos e que eu não consegui impedir.
Eu me sinto usada Miguel, como fui tão inocente ao alimentar de bom grado todas essas cobras?
Eu sempre quis tudo do meu jeito, nunca desci do trono de estrela.
Nunca aprendi a dar valor nas pessoas, porque você pode pensar até que não, mas se aprende a valorizar sim.
Sempre falei demais, e nunca percebi, mas não deixou de ser um ato ignorante da minha parte. Como posso querer o certo se não sou a pessoa certa?
Agora, me agacho no canto do salão e abafo toda a mágoa dos outros membros da casa. Já que eu não posso pedir ajuda, pois eu nunca ajudo, eu nunca consigo ajudar meu Deus...
E toda vez que ergo a cabeça, meus olhos só vêem o porta retrato. Sabia que eu o comprei quando tinha apenas dez anos Miguel? E na época já que não tinha de quem por a foto, eu pintei a sombra de um desconhecido...
Pode parecer estúpido eu sei, mas desde a primeira vez que o vi, eu o achei tão especial que não podia colocar qualquer foto lá. A foto deveria ser da pessoa certa... e só agora penso nisso! Miguel, sua foto está lá há dois anos e foi a primeira foto que esse porta retrato recebeu.
Mas tudo desaba em cobrança e falsidade nesse momento.
Não vou dizer nada que magoe, nem ponha defeitos em você nesta carta...
-Vou rasgar essa carta, não posso mandá-la. Pois sei que ele nunca nem a abrirá. Sei que ele precisa de seu tempo e eu também preciso de um tempo que não consigo ter.-
Miguel, talvez essa carta seja um erro. Uma justificativa pra ficar tudo bem usando a culpa.
Sim, penso agora que comenti um erro, passando a culpa toda pra mim pra poder resolver... mas não cabe só a mim, você se enganou quando pensou que o erro se encontra apenas em uma pessoa, não é assim.
Me desculpe, eu estou me expressando mal e não sei bem o que estou tentando fazer.
Quero ser feliz Miguel, quero tanto ser feliz com você. Quero tanto que isso seja possível.
Eu quero muito não me importar com terceiros, mas como posso fazer isso, se você se importa?
Como você mesmo disse uma vez: 'um novo feliz'. Será possível?
Tem muitas noites que não durmo e eu não paro de pensar em tudo com tristeza, e sei que você também.
Eu pensei seriamente em como te magoei muitas vezes, meu Deus como pude ser assim tão fria?
Minha vontade agora, é abandonar todos mais uma vez. Mas meu maior medo é te perder, e conseguiram alcançá-lo.
Eu queria ainda poder sentir o gosto...
Também desejo a sua felicidade, -não posso mandar essa carta-

Jenny.

-E a carta vai pra lareira, mais uma vez.-

A Chave

Posted on 07:41 In:
Minha querida Jenny,
Já lhe peço perdão pela carta, mas não há outra forma menos dolorosa de lhe dizer isto.
Não tem nada pior do que amar alguém profundamente e sentir a mentira em cada uma de suas palavras. Sentir que você se esforça em me retribuir cada gesto de afeto.
Não tem nada pior do que amar simplesmente por amar, porque no fundo sempre esperamos reciprocidade.
Não quero mais lhe ver fingindo, pretendendo, questionando e se enganando.
A mentira só enfeita Jenny queria, enfeita e depois massacra.
A mentira é o próprio belo, sem coração e muito menos alma. Sem santo ou oração a se apegar.
O amor é o efêmero da vida, e a mentira a encarnação da cegueira de tal efemeridade.
E nesse ritmo, meu bem, os fortes se tornam inexplicavelmente fracos.
Os fortes abandonam para não serem abandonados. Abandonam para tentar recuperar algum resto de amor próprio de seu orgulho despedaçado.
Os fortes sabem, que o amor demora a ir, se é que um dia vai totalmente.
E dessa forma, quem abandona sempre pensará em voltar, e o abandonado será uma falsa vítima e portanto falso fraco.
O falso fraco, na verdade é desesperado, porém com um orgulho inabalável. Porque percebe que teria abandonado exatamente da mesma forma que o falso forte, não fosse a coragem e astúcia do outro em fazê-lo primeiro.
Espero que seja feliz, de verdade.

Miguel.

Apertado Anel Branco

Posted on 19:51

É tudo bem direto, mas não irei afirmar que também é correto.
Mas se procura sinceridade sim, é tudo tão sincero que chega a ser mal pensado.
O jogo de palavras é simples, eu falo e você responde.
Só não grite, não gosto de quem grita.

O que houve com as pessoas que não precisam de livros de auto-ajuda?
O que houve com os clássicos da Disney?
O que pensava Frances Farmer?
O que houve com as páginas amarelas?

Seu sentimento é um tumor no cérebro, que afeta toda a beleza da filosofia.
Meus sentimentos são plásticos comestíveis e coloridos, mas admito, são difíceis de engolir e dão dor de barriga.

O que houve com os calendários de pin-ups?
O que houve com os protestos, se ainda há muito porque lutar?
O que houve com as serenatas e cartas de amor?
O que houve com o "Faça você mesmo"?

"O fim do mundo está próximo."
As pessoas têm enchaqueca quando pensam no passado, portanto, como podem ligar para o fim?
Leituras da ciência batucam em ameaças, enquanto a igreja ainda tenta mandar.
E enquanto isso, podemos tomar um café e decidir que é mais ganancioso.

O que houve com o sorvete de chocolate?
O que houve com a Tv a cabo?
O que houve com o mistério de Capitu?
O que houve com eu e você?

Horror show

Posted on 19:46

Sei exatamente o que vocês pensam.
Vocês são todos iguais, com os mesmos pré-conceitos e julgamentos sobre nós.
Vocês são patéticos, estereótipos do "cidadão de bem" que se opõem á legalização das drogas, e preferem o tráfico.
Se opõem ao homossexualismo mas se masturbam com lesbianismo, e também se opõem a liberdade de expressão achando que ela é a causadora de todo o mal.
Resumindo, se você acha uma aberração a liberdade de se caracterizar como bem entender, certamente você é um ser humano que não é capaz de dominar sua liberdade.
Ou seja, você é um fantoche da imagem que os outros ditam.
A História existe para nos ensinar. E sempre vemos que o comportamento conservador e autoritário levou civilizações a sucumbir. Mas prevalece a maior dádiva do ser humano: repetir o mesmo erro, repetir o mesmo comportamento.
O que é o que todos vocês fazem quando ridicularizam alguém que mal conhecem.
Afinal, são humanos.


Melhor opor o 8 aos 80 do que sentir tudo meia-boca, feito fuligem: decidir pelo nada em vez de cair de cabeça.

Quebrar rotinas como quem troca de roupa, enfiar prosa na poesia - entre achados e perdidos, preto no branco, acabemo-nos todos, ímã que se partilha.

Bom de se vestir é tirar a roupa depois, isso que fica sobre a pele é tão removente, sempre.

Por outro lado... todavia... através do espelho... como ser aqui, isso, se não se conhece o outro aí?



O dia parou.
Para Jenny, sempre havia um momento que o dia parava.
Era só dela.
Oito da noite. Cidade pequena. Ruas vazias.
Sentiu o vento frio sobre seus cabelos, fechou mais a blusa e apertou o script da peça mais forte no peito.
Era uma calma, uma paz, que a fazia pensar sobre toda a sua raiva de poucos minutos atrás.
Não, não iria voltar atrás em sua palavra. Além do mais, havia aquele sonho...
Até que ao chegar na primeira porta, por trás dos vidros escuros, havia um casal feliz e despreocupado.
Nenhum casal feliz percebe as coisas ao seu redor, e quando sentem que não são observados mostram a verdadeira essência do que sentem.
A questão era, o que essa essência causava na garota por trás dos vidros?
Ninguém sabia que naquele momento alguém se lembrava dos Campos de morangos.
Um dia alguém acreditou que aqueles campos seriam para sempre.
Saiu de perto dos vidros e rumou por um caminho diferente nessa noite.
Risadas altas do outro lado da rua.
Um casal brinca de cocégas.
- Coisa mais chata. Parece que todos os casais perfeitamente felizes marcaram hora e bairro para se encontrar essa noite.
Mais dois "pombinhos" nos três quarteirões seguintes.
A impaciência a fez folhear inútilmente o script e fingir para si mesma que pensava em algo diferente.
No fim do ensaio, volta para casa.
Atrás dos vidros escuros da última porta, o último-primeiro casal perfeitamente feliz brigava.

***

"Viver é mais fácil com os olhos fechados
Sem entender o tudo que vê.
Está ficando difícil ser alguém,
mas tudo aparenta funcionar bem.


Deixe-me te levar, porque eu estou indo para os campos de morangos.
Sempre, não, algumas vezes penso que sou eu

Mas eu também sei quando é um sonho.
Nada é real.
E não há por que esperar.
Campos de morangos para sempre."


Strawberry Fields Forever - The Beatles

Carta recente

Posted on 11:21 In:

Padre,

Eu não vou me casar,
Eu não vou ter filhos,
Eu não quero me prender.
Mas o que realmente é se prender?
Me dizem a todo momento que eu estou presa, e na verdade eu estou sufocada.
Sufocada com o que não posso mudar e com a expectativa de que aconteça o que eu obviamente, sei que não vai mais acontecer.
Quando a tristeza arrepia seu corpo e você percebe que nada mais te corresponde, significa que novamente é hora de partir.
Eu sempre rumei para o desconhecido, e até encarei isso como algo glorioso e belo. Mas eu sei que na prática nunca foi.
As vezes é mais fácil ficar numa prisão do que correr para outra.
Mas a vocês, tudo que peço é uma certeza.
Porque eu não vejo mais certeza em nada.
A verdade é que todos os poetas devem ser solitários.
Senão, não há poesia.
Mas eu também não serei poeta.

Jenny.

Areia

Posted on 14:44 In:

-Eu tive um sonho ontem
-Você pode provar?
-Não, mas posso te culpar
-Pode, assim é mais fácil não é?
-Nem sempre, mas na maioria das vezes fica mais fácil de se olhar no espelho
-Eu sou o espelho
-Eu sou a sombra do espelho
-Não, você é o sonho. Não se lembra?
-Eu nunca me lembro
-Eu sei.
-Eu não sinto
-Não se preocupe, não há ninguém hoje em dia que ainda sinta.
-E você?
-Eu sou o espelho

Puxando Margaridas

Posted on 09:53 In:
É assim cada dia, cada momento por menor que seja ao seu lado.
Sempre, sempre...
Terá adubo para afofar, e abraços serenos para me segurar
Confortar, aquecer e crescer.
Sempre.
A sede de cada dia é terna, fascinante e presa nesse universo criado para ser monótono, mas que não foi.
A sede não é.
Haverão sempre margaridas, nem todas belas, diferentes.
Mas elas sempre estarão aqui, comigo.
Obrigada pelo jardim.
Eu te amo.

Dissecação Moral

Posted on 13:48 In:

Assim como ossos, carne, intestinos e vasos sangüineos estão encerrados em uma pele que torna a visão do homem suportável, também as agitações e paixões da alma estão envolvidas pela vaidade;
ela é a pele da alma.


Posted on 13:43

Os pensamentos são as sombras de nossos sentimentos:
sempre mais escuros, vazios e simples.


Nietzsche
e
Desenho da imagem por mim.

Posted on 13:36
Não tente me prender,
porque não é assim que você vai me entender.
Eu posso estar sozinha,
mas eu sei muito bem pra onde vou.


Desespero

Posted on 09:35 In:

Você que sempre pareceu tão cheio de si,
na verdade é fraco, é indefeso.
Procura segunça em tudo, grita e geme desesperadamente por defesa e calor.
Fumaça Fétida.
Você é fraco sim.
Você é sozinho, você já se acostumou sem perceber com essa solidão.
Quando todas as suas ilusões e fantasmas cômodos se forem, você vai morrer.
E sozinho.
Sem a mão de Antônio, sem lágrimas.
Até a cortina rasgada te substituiu.
A mágoa te substituiu.
A falta te substituiu.
O medo te substituiu.
O amor próprio te substituiu.
E o coração de Jenny também.

Tenho sempre diante dos olhos Tereza sentada sobre um tronco, acariciando a cabeça de Karenin, e pensando no desvio da humanidade. Ao mesmo tempo, surge para mim uma outra imagem:
Nietzsche está saindo de um hotel em Turim. Vê diante de si um cavalo, e um cocheiro espancando-o com um chicote. Nietzsche se aproxima do cavalo, abraça-lhe o pescoço, e sob o olhar do cocheiro, explode em soluços.

Isso aconteceu em 1889, e Nietzsche já estava também distanciado dos homens. Em outras palavras: foi precisamente nesse momento que se declarou sua doença mental. Mas, para mim, é justamente isso que confere ao gesto seu sentido profundo.
Nietzsche veio pedir ao cavalo perdão por Descartes. Sua loucura (portanto seu divórcio da humanidade) começa no instante em que chora sobre o cavalo.

É Nietzsche que amo, da mesma forma que amo Tereza, acariciando em seus joelhos a cabeça de um cachorro mortalmente doente. Vejo-os lado a lado: "senhora e proprietária da natureza", prossegue sua marcha para a frente.

Tereza acaricia a cabeça de Karenin, que descansa tranqüilamente em seus joelhos. Faz mais ou menos este raciocínio: não existe nenhum mérito em sermos corretos com nossos semelhantes.
Tereza é forçada a ser correta com os outros moradores da aldeia, ou não poderia viver ali; e, mesmo com Tomas, é obrigada a se portar como mulher amorosa, pois precisa dele.

Nunca se poderá determinar com certeza total em que medida nosso relacionamento com o outro é o resultado de nossos sentimentos, de nosso amor, de nosso não-amor, de nossa complacência, ou de nosso ódio, e em que medida ele é determinado de saída pelas relações de força entre os indivíduos.


No começo do Gênese está escrito que Deus criou o homem para reinar sobre os pássaros, os peixes e os animais.
É claro, o Gênese foi escrito por um homem e não por um cavalo.
Nada garante que Deus desejasse realmente que o homem reinasse sobre as outras criaturas. É mais provável que usurpou da vaca e do cavalo. O direito de mata um veado ou uma vaca é a única coisa sobre a qual a humanidade inteira manifesta acordo unânime, mesmo durante as guerras mais sangrentas.

Esse direito nos parece natural porque somos nós que estamos no alto da hierarquia. Mas bastaria que um terceiro entrasse no jogo, por exemplo, um visitante de outro planeta a quem Deus tivesse dito: "Tu reinarás sobre as criaturas de todas as outras estrelas", para que toda a evidência do Gênese fosse posta em dúvida. O homem atrelado à carroça de um marciano - eventualmente grelhado no espeto por um habitante da Via-láctea - talvez se lembrasse da costeleta de vitela que tinha o hábito de cortar em seu prato. Pediria então (tarde demais) desculpas à vaca.
Deus encarregou o homem de reinar sobre os animais, mas podemos explicar isso dizendo que ele apenas emprestou ao homem esse poder. O homem não era o proprietário mas apenas o gerente do planeta, e um dia teria de prestar contas de sua gestão.
Descartes deu um passo decisivo: fez do homem "maître et propriétaire de la nature". Que seja precisamente ele quem nega de maneira categórica que os animais tenham alma, eis aí uma enorme coincidência. O homem é senhor e proprietário, enquanto o animal, diz Descartes, não passa de um autômato, uma máquina animada, uma machina animata. Quando um animal geme, não é uma queixa, é apenas o ranger de um mecanismo que funciona mal. Quando a roda de uma charrete range, isso não quer dizer que a charrete sofra, mas apenas que ela não está lubrificada. Devemos interpretar da mesma maneira os gemidos dos animais, e é inútil lamentar o destino de um cachorro que é dissecado vivo num laboratório.
O mundo deu razão a Descartes.

Vá, se quiser eu nunca tentei impedí-la
sei que há agora um motivo para tudo isso,
você está magoada e a culpa não é minha

Você não poderia ter me amado mais
não poderia ter me amado mais
não poderia ter me amado...

Eu,
eu não demonstro muito.
Não é fácil esconder,você vai ver
daqui uns tempos eu não lembrarei mais
como ser tudo o que você queria.

Eu não poderia tê-la amado mais
eu não poderia amá-la mais
eu não poderia amar...

Você quer que eu chore e interprete o meu papel
Eu quero que você se arrependa e se desespere
Nós queremos isso como todo mundo.

Fique se você quiser,
eu sempre espero para ouvi-lá dizer que há um ultimo beijo.
Para todas as vezes que você fugiu assim,
escute: a culpa não é minha

Você não poderia ter me amado mais
não poderia ter me amado mais
me amado mais.
Eu não poderia tê-la amado mais
eu não poderia amá-la mais
eu não poderia amar.

Você quer que eu minta e não a magoe
Eu quero que você voe, e não pare nunca
Nós queremos ser como todo o resto.

Talvez nós não tenhamos entendido,
não somos só um rapaz e uma garota
É apenas o fim, do fim do mundo.

Eu não poderia tê-la amado mais
eu não poderia amá-la mais
eu não poderia amá-la mais
eu não poderia amar.


A janela dava para uma encosta coberta de macieiras retorcidas pelo tempo.
No topo da encosta, uma floresta cortava o horizonte, uma lua branca apontava no céu pálido, era o momento em que Tereza aparecia na soleira da porta.
A lua suspensa no céu, ainda não inteiramente escuro, era como uma lâmpada que tivessem durante o dia todo no quarto dos mortos.


Um francês é diferente do outro.
Mas todos os atores do mundo se parecem – em Paris, Praga, e até mesmo no mais modesto teatro do interior.
É ator aquele que aceita, desde a infância, expor sua vida a um público anônimo.
Sem esse consentimento fundamental – que nada tem a ver com o talento, que é algo mais profundo do que o talento – não se pode ser ator.


Tomas não suportava esses sorrisos, que pareciam estar em todos os lugares, mesmo na rua, no rosto dos desconhecidos.
Não conseguia dormir. Por que? Será que dava tanta importância a essas pessoas?
Absolutamente.
Não as tinha em bom conceito e ficava com raiva de se deixar perturbar pelos seus olhares.
Não havia nada de lógico nisso. Como é que podia ficar dependendo da opinião de pessoas que considerava tão limitadas?

A história de Édipo é bem conhecida: um pastor, tendo encontrado um recém-nascido abandonado, levou-o ao rei Pólibo, que o criou.
Quando Édipo cresceu, encontrou num caminho das montanhas uma carruagem em que viajava um príncipe desconhecido. Os dois se desentenderam e Édipo matou o príncipe.
Mais tarde casou-se com a rainha Jocasta e tornou-se rei de Tebas.
Não suspeitava que o homem que tempos atrás assassinara nas montanhas era seu pai, e que a mulher com quem dormia era sua mãe.
Enquanto isso a má sorte perseguia seus súditos, dizimando-os com doenças.
Quando Édipo compreendeu que era o único culpado por esses sofrimentos, furou os olhos com espinhos e, cego para sempre, partiu de Tebas.


Tomas não pára de tentar persuadi-la de que entre o amor e o ato do amor há uma grande diferença. Ela recusa-se a admiti-lo.
No momento está cercada de homens que não lhe inspiram a menor simpatia. Que sensação lhe daria dormir com esses homens? Tem vontade de experimentar, nem que seja sob essa forma de promessa sem compromisso que é o flerte.

Se para outras mulheres o flerte é uma segunda natureza, uma rotina insignificante, para ela, doravante, é um campo de investigações importante que deve ajudá-la a descobrir aquilo de que é capaz. Mas por ser tão importante, tão grave, seu desejo de agradar perdeu toda a leveza, tornou-se forçado, intencional, excessivo.

Está muito inclinada a prometer, sem mostrar de maneira suficientemente clara que sua promessa não a obriga a nada. Ou por outra, todo mundo pensa que ela é extraordinariamente fácil. Depois, quando os homens reclamam a realização daquilo que lhes tinha sido prometido, esbarram numa súbita resistência que só podem explicar pela crueldade requintada de Tereza.

Franz é forte, mas sua força é voltada unicamente para o exterior.
Com as pessoas com quem vive, com aqueles que ama, é fraco.
A fraqueza de Franz se chama bondade.
Franz jamais daria ordens a Sabina. Nunca mandaria - como Tomas fizera em outros tempos - que ela ficasse inteiramente nua em cima de um espelho e se pusesse a andar de um lado para o outro. Não que lhe falte sensualidade, mas ele não tem força para comandar.
Existem coisas que só podem ser conseguidas com violência.
O amor físico é impensável sem violência.

Sabina via Franz andar pelo quarto carregando bem alto a cadeira pesada para exibir sua força. A cena parecia-lhe ridícula e a enchia de estranha tristeza.

Sabina continuava com suas reflexões melancólicas. E se ela tivesse um homem que lhe desse ordens? Que a dominasse? Quanto tempo ela o teria suportado?
Nem cinco minutos!
Donde concluiu que nenhum homem lhe convinha.
Nem forte, nem fraco.

Disse: - Por que de vez em quando você não usa sua força contra mim?
- Porque amar é renunciar à força - respondeu Franz docemente.

Sabina compreendeu duas coisas: primeiro, que essa frase era bela e verdadeira. Em segundo lugar, que, com essa frase, Franz acabara de excluir-se de sua vida erótica.


Os cemitérios da Boêmia parecem jardins. Os túmulos são cobertos de relva e de cores vivas.
Monumentos humildes ficam escondidos no meio do verde da folhagem.
À noite, o cemitério fica cheio de pequenas velas acesas, como se os mortos estivessem dando um baile infantil.
É, um baile infantil, pois os mortos são inocentes como as crianças.

Por mais cruel que tenha sido a vida, no cemitério existe sempre a mesma serenidade.
Durante a guerra, sob Hitler, sob Stalin, sob todas as ocupações. Quando se sentia triste, pegava seu carro para ir passear longe de Praga num de seus cemitérios preferidos.
Esses cemitérios campestres no fundo azulado das colinas eram tão belos quanto uma cantiga de ninar.

Mas para Franz, um cemitério não passa de um imundo depósito de ossos e pedras.


Era noite e ela andava com passo apressado na plataforma da estação. O trem para Amsterdã já estava à espera.
Procurava seu vagão.
Abriu a porta do compartimento para onde fora conduzida por um amável funcionário e viu Franz sentado num dos leitos. Levantou-se para recebê-la, ela tomou-o nos braços e cobriu-o de beijos.
Tinha vontade de dizer-lhe, como a mais comum das mulheres: não me deixe, me guarde perto de você, me escravize, seja forte! Mas eram palavras que não podia e não sabia pronunciar.
Quando ele afrouxou o abraço ela apenas disse: -Como estou contente de estar com você! - Com sua natural discrição não podia dizer mais do que isso.


A traição.
Desde nossa infância, papai e o professor nos repetem que é a coisa mais abominável que se possa conceber.
Mas o que é trair?
Trair é sair da ordem e partir para o desconhecido.
Sabina não conhece nada mais belo que partir para o desconhecido.


Compreendeu que fazia parte dos fracos, do lado dos fracos, do país dos fracos, e que deveria ser fiel a eles, justamente porque eram fracos e procuravam recobrar o fôlego entre as frases.
Sentia-se atraída por essa fraqueza como por uma vertigem. Sentia-se atraída porque ela mesma se sentia fraca.
Estava de novo com ciumes e suas mãos começaram a tremer. Tomas percebeu e fez um gesto familiar: tomou-lhe as mãos para acalmá-la com uma leve pressão dos dedos.
Ela fugiu.

- O que é que você está sentindo?
- Nada.
- O que é que posso fazer por você?
- Quero que você fique velho. Dez anos mais velho. Vinte anos mais velho!

Com isso queria dizer: quero que você fique fraco. Que você seja tão fraco quanto eu.

Mas era justamento o fraco que deveria saber ser forte e partir, quando o forte é fraco demais para poder ofender o fraco.



(Hoje, mergulhei completamente nesse trecho dessa parte do livro )

"No primeiro plano havia sempre um mundo perfeitamente realista e, um pouco mais ao fundo, como atrás da cortina rasgada do cenário de um teatro, via-se alguma coisa a mais, algo de misterioso e abstrato.
Na frente ficava a mentira inteligível, por trás a verdade incompreesível."

Lua Boite

Posted on 18:36 In:
Jenny,
Quando fui deitar ontem a noite, olhei pro céu,
estava de um azul tão profundo e havia apenas uma estrela.
A luz da cidade que apaga todas as estrelas do céu, é a mesma que deixa uma pra me lembrar do quanto eu te amo.



Fácil sentir.
Difícil é expressar.
Nenhum questionamento é por acaso.
As vezes a felicidade cega as nossas pequenas insatisfações,
mas por um momento, pequeno que seja,
que perdemos essa euforia e liberdade,
a insatisfação aparece muito maior que qualquer sentimento,
e só vai embora depois que magoamos alguém mais próximo.
As vezes só precisamos que alguém sinta.
Sinta exatamente como nos sentimos e principalmente nos sinta como ser humano.
E no fim das contas, os questionamentos são mal feitos, mas feitos.
E os resultados, em sua maioria, pressionados.
Tudo repleto de tédio mal amado.

Ela foi uma princesa
A Rainha da estrada
A placa na estrada disse:
Nos leve á Madre

Ninguém poderia salvá-la,
Apenas o tigre cego
Ele era um monstro, vestido a couro negro

Ela foi uma princesa
A Rainha da estrada

Agora eles estão casados
E ela ainda é uma boa garota
E eles correm pelados como crianças
Lá fora no campo...
Pelados como crianças selvagens que são.

Logo terão filhos para recomeçar tudo novamente
Dançando pelo redemoinho da meia-noite
Sem forma,
Sem roupa
E eu espero que possam continuar assim
por mais tempo

Vertigem

Posted on 11:19 In:

No mesmo dia Tereza caiu na rua; seu passo tournou-se hesitante; caía quase todos os dias, esbarrava nas coisas ou, na melhor das hipóteses, deixava cair todos os objetos que tinha nas mãos.

Sentia um desejo irresistível de cair. Vivia numa vertigem contínua.
Quem cai diz: "Levante-me!"
Pacientemente, Tomas a levantava.

A Insustentável Leveza do Ser - Milan Kundera

O Sonho

Posted on 10:06 In:

- Tereza, minha querida Tereza, parece que você se afasta de mim. Aonde quer ir? Todos os dias você sonha com a morte, como se realmente quisesse partir...

O sonho não é apenas uma comunicação (as vezes codificada), é também uma atividade estética, um jogo de imaginação, e esse jogo tem em si mesmo um valor. O sonho é a prova de que imaginar, sonhas com aquilo que nunca aconteceu, é uma das mais profundas necessidades do homem.
A Insustentável Leveza do Ser - Milan Kundera

A Queda

Posted on 09:51 In:

Ana poderia ter posto fim a seus dias de outra maneira.
Mas o tema da estação e da morte, esse tema inesquecível associado ao nascimento do amor, atraiu-a no momento do desespero por sua sombria beleza.
O homem inconscientemente compõe sua vida segundo as leis da beleza mesmo nos instantes do mais profundo desespero.
A Insustentável Leveza do Ser - Milan Kundera
(continuação do último post)

O Embarque

Posted on 18:14 In:
No pricípio do pesado livro que Tereza carregava em baixo do braço no dia em que viera para casa de Tomas, Ana encontra Vronsky em circunstâncias estranhas. Estão na plataforma de uma estação e alguém acabara de cair sob o trem.
No fim do romance, é Ana que se atira sob um trem.
Essa composição simétrica, onde o mesmo motivo aparece no começo e no fim, pode parecer até "romântica". Admito que seja, mas somente com a condição de que romântico não signifique para você uma coisa "inventada", "artificial", "sem semelhança com a vida".
Porque é assim mesmo que é composta a vida humana.

A insustentável leveza do ser - Milan Kundera

Deseje uma Boa Viagem

Posted on 16:30 In:
Nunca terei certeza
Comigo é sempre sim e não, não, sim, e talvez.
Talvez eu queira mesmo ir embora,
mas Não poderia suportar o fato de que se eu for você também terá de ir.
Mas quando eu penso, com toda a minha alma, meu Sim, minha esperança...
Minha cabeça dói.
Pensar, nesse exato momento, têm me virado ao avesso de carne e sangue.
Mas eu penso.
Penso que mais uma vez eu estou exausta e que todo o amor e afeto que eu esperava naquele momento, passou em branco em mais uma de suas piadas.
Pode ser apenas um momento, mas foi o momento que gerou essas palavras.
Amanhã Sim, tudo passará.
Mas sempre haverá momentos, e palavras.

Quinze Minutos

Posted on 19:32 In:

Carrasco

Silêncio

Mágoa

Mundo,

Subgrupos

Melhores

Piores

Nada

Pai

Escola de Teatro

Pessoas

Divisão

Eclosão

Gestos

Garotas bonitas

Página de recados

Máscara

Sexo

Internet

Tudo repleto de nada

Oco

Podre

Cai


Você só têm quinze minutos pra continuar a fingir

14' 59''

Parecido com o Céu

Posted on 16:54 In:



"Me mostre como você faz esta mágica,


essa que me faz gritar


Você é único que me faz sorrir" ela disse


E atirou braços em mim num forte abraço




Me mostre como você faz e eu prometo,


Eu prometo que fugirei com você


"Eu fugirei com você pra sempre" ele disse




Girando no desmaio


Eu a beijei no rosto e sutilmente na cabeça


E sonhei.


Sonhei com caminhos diferentes que passei para fazer você irradiar




"Por que você está tão longe?" ela disse


"Por que você nunca soube que eu estou apaixonado por você?"


Estou apaixonado por você




Você,


Suave e única


Você,


Perdida e sozinha


Você,


Estranha como anjos




Dançando nos oceanos mais profundos


Girando nas águas


Você é apenas um sonho...




Na luz do dia fiquei em forma


Eu devo ter adormecido por dias


Movi meus lábios para respirar seu nome


Abri meus olhos e me encontrei sozinho


Sozinho a atormentar o mar que roubou a única menina que amei


e afogou seu interior dentro de mim




Você,


Suave e única


Você,


Perdida e sozinha


Você,


Se parece com meu céu




Just Like Heaven - The Cure

Pedaço

Posted on 16:50

Passei todo o fim de semana pensando no meu pedaço de céu,

mas só fui me lembrar no domingo, que no céu não há imperfeições

Tenho a impressão de que já comecei a me acostumar,

que no fim sempre haverá frustrações

Sempre

Talvez, seu egoísmo só termine quando o meu começar.

E o céu?

Essa noite não. Só bastou uma noite.

Papeis Picotados

Posted on 16:37

Quando eu me sinto cansado -derrotado-

Ela vêm, e põe comida por debaixo da porta

Eu me arrasto em direção as fendas de luz

Às vezes me perco no meu caminho


Jornais a minha volta absorvendo tudo que podem

-Isso precisa mais uma vez ser limpo-

Um jato de água, que seja.


O homem por quem eu sinto um amor paternal,

Não consegue mais me olhar nos olhos

Mas eu vejo os dele e são azuis

E se engatilham, se contraem e se masturbam


Então eu lhe disse:

Nirvana

Nirvana

Nirvana

Nirvana


As janelas pretas foram pintadas

E eu continuo as arranhando com minhas unhas

Eu vejo vários iguais a mim,

Por que eles não tentam escapar?


Eles trazem os mais velhos,

Eles apontam em minha direção

Toda minha existência foi para sua diversão

Circo íntimo de horrores que levou toda a família embora


E bem mais tarde eu aprendo a aceitar as pessoas ridículas

E esse é o por que de eu estar aqui com você

Não me leve embora,

Há um certo conforto aqui dentro

Seus olhos...


Nirvana

Nirvana

Nirvana

Nirvana



Baseado na música Paper Cuts - Nirvana

O Advogado

Posted on 17:33 In:

E ele se tornou o olhar dourado do meu abismo

Meu mais detestável advogado, balança de julgamentos

E eu como mais insignificante cliente e réu, fixo o olhar na balança, esperando seu julgamento

Algumas vezes a balança pende tranquila e serena, outras vezes é um desespero amargurado

O Advogado usou a voz, fez promessas. Mas, esqueceu que nem sempre poderia salvar o réu.

Realidade.

Jogou fora as flores e silenciou toda a textura que sobrara.

A voz, um dia foi mansa e aveludada, cheia de expectativas e promessas.

Hoje é rouca, gasta, doente e nauseante.

Ri para a hipocrisia do que sua alma se tornou, e vive na mais enfeitada mentira de dizer a si mesmo que é o que quer se tornar.

Vive julgando no seu tribunal de seda, mas não permite ser julgado.

O coração que era pequeno e singelo, agora é um diamante bruto, se violentou e pregou rebites por todo seu pequeno corpo para crescer e não sentir mais dor.

As lembranças e anseios do tempo antigo, se perderam no tribunal, escorregaram da balança, e agora vivem em cada cigarro queimado no cinzeiro de coração, coberto de marcas e queimados.

Tudo se foi, e tudo está aqui, como um velho baú bem feito e esquecido pelas mãos do próprio artesão. Só espera um dia tornar a ser aberto.

Enquanto isso, o Advogado se contenta com os desenhos do artesão, que cobrem toda a parte externa do baú. Mas eu não, eu quero sempre mais do que migalhas e promessas.

Mas o Advogado abandonou seu mais pretencioso cliente com promessas do que imagina ter no baú.

Posted on 17:27
Se algo não morreu, então está vivo?
Se você ainda não perdeu algo, então você o possui?