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About a Girl

Minha foto
"Nasci em 1992, no interior do estado. A dança-teatro e o cinema formaram meu primeiro imaginário: a palavra vinha como complemento das imagens. Quando descobri os livros, bem cedo, aceitei-os apenas como o lugar das palavras e das idéias, vendo as imagens a que remetiam ou sugeriam, como fantasmas imponderáveis e sem substância, descabidos, impróprios para aquele tipo de veículo. Quando me pedem que fale de mim mesma, sinto o incômodo, pergunto: que imagem devo projetar? Tenho tantas. Acho que a melhor para o caso é a que passo nos próprios posts, de alguém que escreve mas não acredita nos fantasmas das palavras, embora eles sejam inevitáveis. E a melhor forma de conviver sem temor com essas fantasias é jogar com elas, torná-las risíveis, desautorizá-las, de modo a evitar o poder técnico abusivo que tem quem escreve, para iludir o leitor."

Aos destinatários destas palavras

"Pra dilatarmos a alma
Temos que nos desfazer
Pra nos tornarmos imortais
A gente tem que aprender a morrer
Com tudo aquilo que fomos
E tudo aquilo que somos nós"


O Teatro Mágico

Quem lê

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síndrome de munchausen

Posted on 10:27 In:

Ele tem síndrome de munchausen,
ele tem excesso de saliva
excesso de olhares.
Nunca necessitou que tudo mudasse,
sempre almejou os mesmos ares sem sabores.

Ele vive no excesso,
dia e segundos cronometrados
sempre se perguntando:
como escapar desse labirinto solitário?


No final de todas as suas grandes conquistas
tudo que ele irá desejar é ser puxado de volta
por aquele sedento cordão umbilical

Mas e os nossos velhos órgãos,
que apesar de tudo,
formaram um dia outros tipos de tecidos e cordões?

Nossa pequena conexão,
agora obstruída e seca,
é tão fraca que só sabe chorar.
Chora mansa e quieta, porque ninguém mais a vê
Chora as pressas para ter tempo de chorar
Porém ainda chora,
tem síndrome de munchausen.

Colcha de Retalhos

Posted on 14:09 In:

Não há mais sonetos, contos ou poesias no quarto.
No ventre das noites, ela só pensa em todas as suas antigas cartas, enterradas num baú infeliz em algum lugar.
Escondida na colcha velha e surrada, perto da janela, a lua cai com o grito do vento.
O óculos torto de aro preto se quebrou ao ouvir todas as canções da moça bonita de chapéu, que um dia cantou no pé daquela cama.
Por que ela não canta mais?
Pode ser que não haja nem ao menos amor, mas nos contetamos por não haver mais dor. Todas as lembranças de mágoa foram substituídas pela grande sensação de fracasso dos vários fracassos.
A colcha está repleta de falhas.
Adeus Sonetos!
O baú sumiu, a madeira que sobrou foi levada para a velha casinha na colina que pertencia a Lou Salomé e Nietzsche.
Lá algumas lembranças ainda vivem, assim como um dia viveremos conectados por mente e alma. Até que a morte nos separe, amém.
Os frutos de todas as nossas macieiras serão drenados em cada pequena palavra sábia gravada na madeira dos aposentos... perto do bosque.
Menos um soneto para aquela interminável colcha de retalho!
E assim, finalmente, Otelo matou Desdêmona.



A minha imaginação tem iniciativa?
Será sugestionável?
Desenvolver-se-á espontaneamente?

Estas perguntas não me deram trégua. Tarde da noite tranquei-me no quarto, instalei-me confortavelmente no sofá, rodeado de travesseiros, fehei os olhos e comecei a improvisar. Mas minha atenção distraiu-se com umas manchas coloridas, redondas, que ficavam passando diante das minhas pálpebras fechadas.
Apaguei a luz, julgando ser ela a causa dessas sensações.
Em que deveria pensar? Minha imaginação revelou-mee árvores numa grande floresta de piheiros, movendo-se com brandura e ritmo, sob uma brisa suave. Podia sentir o cheiro do ar fresco.
Por que... nesta serenidade toda... estou escutando o tique-taque de um relógio?
Eu tinha ferrado no sono!
Ora, está claro, compreendi, eu não devia imaginar coisas sem propósito.
Portanto, subi num avião, por sobre a copa das árvores, voando sobre elas, sobre os campos, rios, cidades... tique-taque, faz o relógio. Quem é esse, roncando? Não pode ser eu... será que cochilei?... será que dormi muito?... o relógio bate as oito...