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About a Girl

Minha foto
"Nasci em 1992, no interior do estado. A dança-teatro e o cinema formaram meu primeiro imaginário: a palavra vinha como complemento das imagens. Quando descobri os livros, bem cedo, aceitei-os apenas como o lugar das palavras e das idéias, vendo as imagens a que remetiam ou sugeriam, como fantasmas imponderáveis e sem substância, descabidos, impróprios para aquele tipo de veículo. Quando me pedem que fale de mim mesma, sinto o incômodo, pergunto: que imagem devo projetar? Tenho tantas. Acho que a melhor para o caso é a que passo nos próprios posts, de alguém que escreve mas não acredita nos fantasmas das palavras, embora eles sejam inevitáveis. E a melhor forma de conviver sem temor com essas fantasias é jogar com elas, torná-las risíveis, desautorizá-las, de modo a evitar o poder técnico abusivo que tem quem escreve, para iludir o leitor."

Aos destinatários destas palavras

"Pra dilatarmos a alma
Temos que nos desfazer
Pra nos tornarmos imortais
A gente tem que aprender a morrer
Com tudo aquilo que fomos
E tudo aquilo que somos nós"


O Teatro Mágico

Quem lê

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Ruído Poético

Posted on 19:41



















Ruído dos motores, do passo apressado
Sorriso embriagante, seu andar descompassado
A fragrância e a náusea da leitura apressada
Quer ir, não pode. É medrosa a namorada

Ruído abafado, ruído estridente
Gritos depravados, são paredes descontentes
Cala tu, cala ela. Uma hora irá calar
A busca do silêncio trouxes-te o medo de errar

Alinhava o emaranhado, vieste cedo
Trata-te rápido, perderá todo o enredo
Lugar inóspito, deixaste traição
Dos equívocos, desaguá o temor da solidão

Poesia errante são os sorrisos breves
Quisera eu que não te entregues
Endurecem, há sempre prazo e validade
Belos e bravos, de que são feitos? Não da verdade

São pulsos, são ruídos
São firmes nós

Humano, demasiadamente humano

Posted on 18:55
Essa é a semana em que os sonhos se tornaram realidade, esse é o dia em que a paixão ficou próxima, quase a posso tocar. Mas sou humana, egoísta, me questiono se o sentimento deveria ser de alegria ou de tristeza por ainda não ser capaz de alcançar.
Tristeza não significa lamentação. No entanto, apesar dos pesares, minhas mágoas tem sido passageiras e parecem até mesmo superficiais. Tenho um medo de que essa boa nova de se sentir bem seja oriunda de psicofármacos, não de mim. 
Mas acho que sentir que ainda há amor e perdão na família é um forte palpite pra esse sentimento de redenção. O meu peito pulsa, quase sai pela boca e forma palavras, só pra mostrar que não somos ninguém sozinhos, não é possível ser. Em meio a ansiedade e angustia do pulso, escuto a voz serena de minha madrinha dizendo como a benção da família pode tornar a vida leve.
Me calo para não ser julgada, não porque não sinto. Mas, justamente por sentir de uma forma que de tão eufórica se sente encurralada, estigmatizada e silenciada. Não tenho o direito da sensibilidade, do sentimento sem ter toda uma elaboração transgressora por trás. 
Por isso me calo, não deveria e não o faço pensando em ficar pelos cantos a lamentar. 
A militância agora faz parte da minha vida, se voltei aqui, foi pra lutar.

O mal do século

Posted on 18:25
"Quantas chances desperdicei quando o que eu mais queria era provar pra todo mundo que eu não precisava provar nada pra ninguém."

Renato Russo

***

O mal do século não é a solidão é a inércia.
Por toda a minha vida meu pai me falou aquela celebre frase que acredito que muitos de vocês já ouviram: Na minha época não era tudo tão fácil, por isso eu dava valor.
Ele tem razão. Mas sabe aquela outra frase clichê "você só dá valor quando perde"? Poisé, acho que isso tudo faz parte da vida. Acho que todos nós precisamos perder algo.
O peito precisa arder e o sentimento de revolta contra a dor é o melhor presente que nos damos como indivíduos dotados de razão e sensibilidade. Você deve estar pensando agora: Essa não regula bem das ideias, ta falando que devemos sofrer pra melhorarmos como indivíduo?
Tô sim. Algumas dores não nos trazem nada, isso é fato, existe até mesmo aquelas que não vêm de motivo algum mas que são tão palpáveis quanto.
Eu não sabia o que era sentir uma dor real. Como também não sabia o que era passar mais de um mês feliz.
O mal do século é o ócio.
Em qualquer lugar que se olhe, não é difícil perceber que a falta de ímpeto transforma a sociedade e modela nossa personalidade.
É assim na política, é assim no ciclo social, é assim nos estudos, no trabalho e até com a própria saúde. Com certeza você já deixou de fazer algo muito importante para você, para um alguém que quer bem ou para a sociedade pela famosa preguiça.
O mal do século é a insatisfação.
Queixas e empecilhos em cada passo. Isso afasta as pessoas e atrasa o desenvolvimento da sabedoria que o ser humano adquire conforme acumula experiências.
Não se queixe com quem te quer bem.
Nada é perfeito, nunca será. A escolha de ver o copo meio cheio ou meio vazio é sua. Fui pessimista a vida toda e embora ache que ainda seja bastante, consegui desenvolver uma visualização de um pedacinho da completude que é sentir a alma cheia.
O mal do século é o orgulho.
Renato Russo tinha razão. Passamos tanto tempo querendo ser ou mostrar que somos melhores para todos menos pra nós. Perdemos nosso próprio tempo todas as vezes que fazemos isto.
Perdemos vitalidade, personalidade e dignidade. Pra quê? Pra sentir que somos melhores que outros que também estão tentando, a todo custo, provar que não precisam provar nada a ninguém.


Guerra de Egos

Posted on 17:52
Quando os pólos se invertem e as cascas das feridas se tornam secas. Caíram como frutos de uma árvore já não tão jovem, já não tão pálida, já não tão eu.
Não desejo justificar nada que fiz, acredito que todo Estado de opressão, uma hora ou outra, se torna guerra. No entanto, toda essa lama é fruto de golpes que pensam defender, mas na verdade são piores do que golpear a si mesmo.
Senti que não pertencia àquele novo lugar por muito tempo, senti-me oprimida com um imperialismo que corava meu rosto todos os dias ao entrar por aquela porta de vidro.
Passei os dias mais difíceis da minha vida para depois passar pelas águas que dividiriam o que eu pensava ser e o que sou. Sou cem anos mais velha do que era ontem e serei duzentos anos amanhã.
Tantos rostos me parecem tão pequenos agora, tudo isso parece ter sido um sonho e o meu despertar foi com água gelada. Mas não me engano, toda dor, toda perda tem uma etapa.
Passei pela negação procurando me tornar, de fato, aquilo que transgredia até mesmo meus próprios valores. O ódio veio quando parti, mas algum gelo derretia, lia e relia o texto pro meu pequeno e as lágrimas rondavam as palavras dele, os sonhos dele. As lágrimas rondavam minhas noites insones, tinha medo e não conseguia entender o porquê da guerra ser necessária.
O problema em si não é a guerra, é o comodismo. Comodismo de todos nós que deixamos a guerra começar, que não conseguimos ouvir por estar afoito em gritar todas as aflições do mundo. Vejo isso acontecer em quase todas as discussões, a preocupação gira em torno de tentar, a todo custo, provar que o seu lado é o certo. Quando na verdade, a melhor forma de solucionar um problema é se desprender e esquecer o narcisismo. Abrir mão de algumas coisas pelo outro, talvez assim ele até retribua com a paz do consenso.
O medo do golpe de Estado deve ir embora.

A Bela do Palco

Posted on 10:49



















Sobre paixão, ego e psicanálise. A tarde dessa terça-feira me trouxe essas palavras.
Assisti ao filme Stage Beauty (A Bela do Palco, 2004). Foi uma indicação de professores do curso de Teatro da UFMG.
Não esperava muito, mas me surpreendi do início ao fim da trama. Não só a fotografia como a beleza dos cenários, do figurino e a atuação dos atores.
Sou suspeita para falar sobre filmes de época, sou completamente fascinada quando se trata de retratar a singularidade do homem, seus hábitos em diferentes meios e tempos.
Buscando diretamente o ponto principal, escrevo sobre este filme porque me lembrou de um livro de Nietzsche que estou lendo e adorando, "Aforismos sobre o Amor e a Morte".
Na trama, percebe-se o jogo de palavras e sentimentos sobre sexualidade. Sobre o estereótipo do homem e da mulher. Misturando de forma complexa o papel do ser e do personagem, do bem principal e do seu acessório.
Uma das falas do texto representa bem essa questão: "Nenhum personagem pertence ao ator. O ator é que pertence ao personagem. Não esqueça jamais."
A psicanálise está presente no filme, na medida em que, ao meu ver, o personagem principal se desconstrói, do início ao fim, partindo de um sexo para outro. De uma maneira ainda mais forte, ouso dizer, do que a narrativa de Woolf em "Orlando". Sua perspectiva própria como ser humano é crua, difusa. Carrega a eterna dúvida quanto ao sexo da alma e, consequentemente, sua própria orientação quanto ao amor.
No despertar das paixões que vão se intercalando sobre o filme - tanto físicas quanto de ofício. Seus interesses se revelam de forma lenta, causando no espectador o fardo de carregar junto com a dúvida, o mistério do próprio personagem. Não digo herói pois esse adjetivo também é desconstruído durante a trama, junto com a confusão da própria sexualidade.
Nietzsche acredita que o homem no fundo desejaria para si outro homem, assim como a mulher também desejaria para si outra mulher. Ele explica em suas divagações sobre o amor que buscamos no amante quem somos ou desejamos ser. É uma luta subconsciente constante, ouso dizer, em tentar mudar o amante para esse novo ser, idealizado.
Essa idealização também está presente na eloquente paixão, demonstrada de diversas formas na trama, pelo lugar sagrado: o palco. Os sentimentos e anseios do ator, se desdobram na necessidade que o mesmo tem de ser visto, criticado, e, dessa forma, também vir a ser um estereótipo ideal, só que dessa vez da sua platéia.
O ator é o amante da platéia, e ela, por sua vez, vê no ator o reflexo desse ser inalcançável apreciado e desejado por todos, mas que no fim, não pertence a ninguém.
O ator é visto como um eterno boêmio, no entanto, vejo-o muitas vezes como um escravo dos sonhos de sua platéia. Um não existe sem o outro, assim como um amante não constrói uma relação afetiva por si só.
Será que somos egoístas a ponto de procurarmos eternamente o que enxergamos através do espelho? Talvez isso explique as crenças românticas e populares como as de "almas gêmeas" ou "a outra metade da laranja".
Em todo caso, creio que isso não seria uma questão de destino, mas existencialista, ao depositarmos nossas expectativas no outro tentamos subjuga-lo a essa laranja.
Mas quem irá dizer que muitas laranjas que rondam por aí, não se sentem felizes?





Vale a pena assistir!
Senha : pinguimlinksp2p.blogspot.com



Legião para minha Mãe

Posted on 16:39

"E mesmo sem te ver acho até que estou indo bem.
Só apareço, por assim dizer, quando convém aparecer ou quando quero.
Desenho toda a calçada, acaba o giz tem tijolo de construção.
Eu rabisco o sol que a chuva apagou.
Quero que saibas que me lembro, queria até que pudesses me ver, és parte ainda do que me faz forte e, pra ser honesto, só um pouquinho infeliz...
Mas tudo bem, tudo bem..."


Giz - Legião Urbana

O Editor

Posted on 23:55

Eram quase sete da manhã, o dia tinha amanhecido nublado e admirávamos a raridade de uma temperatura agradável nesse calor tropical detestável.
Tinha passado a noite estudando Brasil Colonial e conseguira ir até o Brasil República. Estava feliz pelo progresso. Havia virado a noite, por isso tinha certeza de que iria dormir durante toda a viagem, tinha de descansar para uma entrevista de emprego.
Chegamos na padaria, o estômago embrulhando e o delicioso aroma do queijo na chapa acariciava nossa fome. No entanto, ele já chegara, fôra pontual e isso era de se espantar.
Não comemos, voamos para o encontro. Afinal, alguém tão pontual merecia que passássemos as próximas três horas de estômago roncando.
Logo o avistei, baixinho e magrelo de cabelo ralo. Os olhos muito claros logo se apresentaram: -Prazer, me chamo Joaquim. Disse o homem todo animado enquanto carregava uma pesada caixa nas mãos.
Enquanto tentava disfarçar a falta de jeito por ser - socialmente forçada - a iniciar alguma conversa qualquer com um desconhecido, meus olhos logo se esgueiraram ao encontro dos inúmeros livros que estavam cuidadosamente guardados em seu porta malas.
Tudo isso me intrigou, mal sabia que era esse homem, o baixinho, também responsável por revelar-me todo um universo que sempre quisera pertencer e não sabia. Disse-me então, que era editor da Gulliver, formado em Jornalismo, mochileiro, conhecedor do mundo e de escritores contemporâneos renomados.
Tudo aquilo pareceu-me tão belo e lamentavelmente distante da situação que me aflige nesse exato momento... Meus desejos e sonhos projetados numa expectativa. Num "querer ser" meramente sonhado, repleto de empecilhos profundos.
O dinheiro era curto, mas era suficiente para encontrar a felicidade nos pequenos prazeres, ele afirmara.  Numerou as diversas viagens que fizera e conversamos sobre alguns livros e autores.
Confesso que senti-me insegura e ao mesmo tempo curiosíssima. Mal pude conversar com o editor, assim como também não pude dormir.
Me saboto, minhas mãos tremem e gelam com a ânsia do desconhecido. Surge um medo de revelar a fragilidade da criança questionadora repleta de admiração. Desorganizo meu tempo, meu corpo não aguenta todo o cansaço.
A melancolia pós viagem logo tomou conta do novo cenário. A nova cidade significava também uma nova vida que surgira, prepotente como um soco em meu destino. Não a desejava, mas era sua mais jovem subordinada.
A nova vida significava abandonar, pelo menos por mais um ano, o sonho do Jornalismo.
Significava oito horas de segunda a sexta e mais seis horas durante o sábado, num trabalho medíocre e infeliz para conseguir um pouco de tudo aquilo que me impede de estudar.
Não escrevo para tentar me explicar, talvez eu seja feliz nesse novo ano. Ainda vislumbro uma reforma de verdade em toda essa bagunça pintada de mágoas institucionais.
Apesar dos pesares, me vejo livre nestes pequenos vislumbres e não mais tão só. A falta me trouxe amores em seios distintos, reforçou amizades, ensinou-me a valorizar laços sanguíneos de irmandade e renovou minha certeza o amor é sinônimo de empatia.
Não ter dinheiro me libertou de todos os olhares agressivos e humilhantes, temi que todo esse sentimento me perseguisse por mais alguns anos.
Ir embora foi a decisão mais difícil que já precisei tomar. Pasárgada me espera, eu sei. Procuro somente essa rima rara, oriunda do reflexo do espelho de lá.

Anna Karenina e o Trem

Posted on 22:18





























Uma página em branco, minhas aflições.
Dei um salto no vazio, engoli seco com os olhos ardidos e disse que iria embora.
Seus olhos se encheram d'água por um momento, olhos tão parecidos com os meus, mas as vezes pareciam mais claros, pois faziam um belo contraste com seu tom moreno de pele.
Prometi que um dia voltaria para buscá-lo, o pequeno apenas forçou um sorriso e ficou por um longo tempo com o olhar vago. Disse que sonhara com isso, mas que na noite em que eu partira nos seus sonhos, havia escadas longas e infinitas.
Posso ser cética para muitas coisas, mas nunca duvidei que nossos sonhos podem revelar um universo tênue e sagaz que muitas vezes contrasta, sem intenção, aos eventos do acaso. Alguns também chamam tudo isso de subconsciente delator.
Olho nesse instante, com receio de que seja a última vez, as grandes paredes das quais nunca pertenci. Sinto falta das pequenas e acolhedoras, do barulho e do barato. De nós três que juramos uma vez, sermos um.
Olho para o meu pequeno deitado ao meu lado, nesse instante, no sofá. Não foi pra cama essa noite, manteve-se até o último instante ao meu lado. Sei que isso se deve a minha partida e ouvir sua respiração profunda ao meu lado, paralisa meu coração já ensopado.
É estranho como toda a nossa história foi rodeada de circunstâncias para nos causar inimizades, no entanto, é para ele que olho com ternura e choro nesse momento por ter de partir. É por causa do pequeno, eu sei, que volto sempre aqui.
Lembro, como se fosse hoje, que o dia mais feliz da minha vida foi o dia em que ele nasceu. Deve ser por isso que o choro doído não para. Deve ser por isso que a escolha é o inferno e a culpa é de todos nós.
São quatro da manhã, a mala está pronta, os livros embrulhados... tenho uma hora para olhá-lo até partir. Será que o acordo? Será que doerá menos se deixá-lo dormir? Talvez eu escreva um bilhete, mas não encontro palavras que possam amenizar e expressar todo esse turbilhão de sensações. Talvez eu apenas diga "Eu te amo, irmãozinho. Um dia eu volto, por você."

Despedida do Quarto do Segundo Andar

Posted on 21:21


















Três túmulos, aquele quarto; nossos sofrimentos e temores sepultados em ruínas.

A saudade sempre se pune com a impossibilidade de ressurreição.
Não me viriam pensamentos amargos, quando em minhas horas de insônia evocasse novamente aquele quarto no segundo andar.
Pensaria nas paredes, no vinil que lhe dei e em como, entre elas, fui feliz.
Teria recordações do jardim, das rosas no estio do vizinho, dos pássaros e do sons da guitarra.
Do sumo do guaraná sob a sombra da amoreira emoldurando as paredes, do murmurio dos seus dedos encontrando-se com os meus pela noite.

O luar tem grande influência sob a imaginação, mesmo a imaginação de quem começa a sentir que talvez seja preciso se desfazer de um sonho.
E ali, queda e silenciosa, eu jurara como Capitu não ser a minha própria casa.
Recheada dos seus passos e cachos morenos, ainda tenho a impressão de que todos os anseios do mundo se vão quando me toma pelos braços.

No silêncio dessas noites eu tentara, em vão, despejar a tortura da sua indiferença numa concha morta. Que se engasgava acelerada em meu peito, mas era um ser que respirara, palpitando vida como outrora.
O tremor ainda me visita, me encolhe. Foi esculpido temeroso de sentir mais uma vez todo o vazio da falta de chão.
Um ardor nos olhos impede-me de chorar ou me culpar mais uma noite. Fui fiel no ardor da espera, te fiz Ulisses, mas não o pintei com a mesma bravura. Tua balança impedia-me, constrangia minha face no reflexo.

É preciso prometer que o tempo não quebrará a perfeita simetria do que fora.
É preciso juras, ações que acalentarão meu corpo do temor do seu próximo silêncio.
É preciso, mas o coração saudoso e apaixonado se esquece rápido por demais do sofrimento de outrora.
Mas, se de certo, não desejar rever a dor das minhas mãos geladas e trêmulas, hei de abri-las, e tirar do côncavo minha joia mais preciosa.
Minh'alma dilacerou-se demais desta vez, tornou-se descrente com seus abandonos.