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About a Girl

Minha foto
"Nasci em 1992, no interior do estado. A dança-teatro e o cinema formaram meu primeiro imaginário: a palavra vinha como complemento das imagens. Quando descobri os livros, bem cedo, aceitei-os apenas como o lugar das palavras e das idéias, vendo as imagens a que remetiam ou sugeriam, como fantasmas imponderáveis e sem substância, descabidos, impróprios para aquele tipo de veículo. Quando me pedem que fale de mim mesma, sinto o incômodo, pergunto: que imagem devo projetar? Tenho tantas. Acho que a melhor para o caso é a que passo nos próprios posts, de alguém que escreve mas não acredita nos fantasmas das palavras, embora eles sejam inevitáveis. E a melhor forma de conviver sem temor com essas fantasias é jogar com elas, torná-las risíveis, desautorizá-las, de modo a evitar o poder técnico abusivo que tem quem escreve, para iludir o leitor."

Rabiscos Velhos

Aos destinatários destas palavras

"Pra dilatarmos a alma
Temos que nos desfazer
Pra nos tornarmos imortais
A gente tem que aprender a morrer
Com tudo aquilo que fomos
E tudo aquilo que somos nós"


O Teatro Mágico

Quem lê

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Under Control

Posted on 12:03 In:





















Eu não quero desperdiçar o seu tempo.
Eu só quero dizer - Eu tenho que dizer,
Nós não temos controle sobre isso
Mas estamos sempre sob controle

Eu não quero do seu jeito
Eu não quero entregar tudo por você
Eu não quero saber...

Eu não quero mudar sua cabeça,
Eu não pretendo mudar o mundo.
Eu só quero te ver passar.
Eu só quero te ver passar.

"Nós éramos jovens, querida"
Nós não temos nenhum controle
Nós estamos fora de controle

Eu não quero fazer do seu jeito
Eu não quero mudar sua cabeça,
Eu não quero desperdiçar o seu tempo.
Eu só quero saber que você está bem;
Eu tenho que saber se você está bem.

"Você é jovem, querida"
Por enquanto,
mas não por muito tempo sob controle.



























Bruscamente, como se o movimento da mão dele tivesse libertado Lily do peso das impressões acumuladas, essas inflaram e extravasaram, numa pesada avalanche, em tudo que ela sentia por ele.
Era só uma sensação.
Então, como a fumaça, elevou-se a essência do ser do sr. Bankes. E agora havia outra sensação. Sentia trespassada pela intensidade de sua percepção: era sua severidade; sua bondade.
Eu o respeito (dirigia-se a ele em silêncio) em todos os seus átomos; você é extremamente altruísta; é mais dedicado que o sr. Ramsay; é o melhor ser humano que conheço; não tem mulher nem filho (ela ansiava por confortar sua solidão), você vive para a ciência (involuntariamente fatias de batatas surgiram diante de seus olhos); elogiá-lo seria um insulto para você; é generoso, puro de coração, um homem heróico!

Em que resultava tudo isso então? Como julgar os outros, pensar sobre os outros? Como se acrescentava uma coisa à outra e se concluía que era afeto ou desafeto o que se sentia? E que sentido atribuir a essas palavras, afinal?
Ela estava de pé, perto da pereira, aparentemente transtornada e inundada pelas impressões sobre esses dois homens.
Seguir o pensamento dela era como seguir uma voz que fala rápido demais para que se possa tomar nota do que diz. E a voz era a sua própria dizendo, sem que lhe sugerissem nada, coisas inegáveis, eternas, contraditórias, tanto que mesmo as fendas e saliências no tronco da pereira estavam irrevogavelmente fixadas ali por toda a eternidade.





























Ali estava ele de pé, esperando-a, na sala da casinha acanhada aonde ela o trouxera, enquanto ela ia um instante ao segundo andar ver uma mulher. Ouvia seus passos rápidos em cima; ouvia sua voz alegre e logo depois baixa. Olhou os guardanapos e caixas de chá, e as sombras dos globos, enquanto esperava, bastante impaciente, ansioso por voltar para casa e decidido a levar a sacola dela. Então ouvi-a sair; fechar a porta; dizer que deveriam manter as janelas abertas e as portas fechadas (devia estar falando com uma criança). De repente, surgiu, parou por um instante em silêncio (como se tivesse ficado representando lá em cima, e por um momento voltasse a ser ela mesma agora), quase imóvel, diante do quadro da rainha Vitória, com a fita azul da Ordem da Jarreteira. Subitamente, ele descobriu: ela era a pessoa mais bela que conhecera.
Com estrelas nos olhos e véus no cabelo, com ciclamens e violetas selvagens – mas em que despropósito estava pensando? Tinha no mínimo cinqüenta anos e oito filhos. Caminhando por campos floridos e levando ao peito botões esmagados e carneiros caídos; com estrelas nos olhos e vento no cabelo... Ele segurou sua sacola.
- Adeus, Elsie – disse ela, e subiram a rua, ela segurando a sombrinha, muito aprumada, andando como se esperasse encontrar alguém na próxima esquina. Pela primeira vez em sua vida, Charles Tansley sentiu um orgulho extraordinário; um homem escavando num bueiro parou de cavar e olhou-a; deixou o braço tombar e olhou-a. Charles Tansley sentiu um orgulho extraordinário; sentiu o vento, os ciclamens e as violetas, pois andava com uma mulher bela pela primeira vez em sua vida. Segurou sua sacola.


- Serpente! - gritou a Pomba com estridência.

- Não sou serpente nenhuma! - disse Alice indignada. - Deixe-me em paz!

- Serpente, repito! - inssistiu a Pomba, mas em tom mais moderado, e acrescentou, com uma espécie de soluço: - Já tentei tudo, todos os lugares, mas nenhum parece dar certo!

- Não tenho a menor ideia do que você está falando - disse Alice.

- Tentei todas as raízes das árvores, tentei as ribanceiras, tentei as cercas... - continuou a Pomba, sem lhe dar atenção - mas essas serpentes! Nada as satisfaz!

Alice estava cada vez mais intrigada, mas achou que era inútil dizer qualquer coisa até que a Pomba terminasse de falar.

- Como se não bastasse ter de chocar ovos - disse a Pomba - ainda tenho de vigiar as serpentes noite e dia! Há três semanas que não consigo pregar o olho.

- Sinto muito esses aborrecimentos todos - disse Alice, que estava começando a entender.

- E justamente quando arranjei a árvore mais alta da floresta, justamente quando pensava estar livre delas afinal, elas parecem vir se retorcendo lá do céu! Serpente, ugh!

- Mas eu não sou sepente, já lhe disse - protestou Alice. - Sou uma... sou uma...

- Bem, você é o quê? - disse a Pomba. - Estou vendo que está tentando inventar alguma coisa!

- Eu... sou uma menina - disse Alice um pouco hesitante, pois se lembrava das inúmeras mudanças que sofrera naquele dia.

- Uma linda estorinha, na verdade! - disse a Pomba com profundo desdém. - Já vi uma porção de meninas na minha vida, mas nunca vi um pescoço tão grande! Não, não! Você é uma serpente, não adianta negar isso. Não vai me dizer que nunca provou um ovo!

- É claro que já comi ovos - disse Alice, que não sabia mentir - mas as meninas comem ovos normalmente, tanto quanto as serpentes, você sabe.

- Não acredito nisso - disse a Pomba - mas se comem, então elas são uma espécie de serpente. É tudo que eu posso dizer.

A ideia era tão nova para Alice que ficou silenciosa durante um ou dois minutos, o que deu à Pomba a oportunidade de acrescentar: - Você está procurando ovos, sei disso muito bem. E que me importa então se você é uma menina ou uma serpente?





















- De que tamanho você quer ser? - indagou.

- Oh, não faço tanta questão de tamanho - apressou-se Alice a dizer - só que ninguém gosta de estar mudando tanto assim, a senhora sabe.
- Não, não sei.

Alice não fez comentários: nunca em sua vida fora tão contestada, e sentiu que estava começando a perder a paciência.

- Está satisfeita agora? - perguntou a Lagarta.

- Bom, eu gostaria de ficar um pouquinho maior, se a senhora quer saber - respondeu Alice. - Oito centímetros é uma altura tão insignificante!

- É uma altura boa, ora essa! - disse a Lagarta encolerizada, erguendo-se ao falar (ela tinha exatante oito centímetros de altura).

- Mas eu não estou acostumada! - argumentou a pobre Alice em tom consternado. E pensou: "Só queria que essas criaturas não se ofendessem tão facilmente".

- Com o tempo vai se acostumar - disse a Lagarta, e colocando o narguilé na boca, começou a fumar de novo.





























Você esta velho, Pai Joaquim - disse o rapaz -
E seu cabelo tão branco como a neve.
Mas de plantar bananeira ainda é capaz.
Na sua idade, você acha que deve?

Quando eu era jovem - respondeu Pai Joaquim -
Temia que o meu juízo se estragasse.
Mas hoje sei: não tenho nenhum, e assim
Vou plantando para que o tempo passe.

Você está velho, já disse - o jovem inssiste -
E engordou de modo descomunal.
Como é que na soleira ainda resiste
Entrar dando um salto mortal?

Quando eu era jovem - o velho diz pacato -
Mantive os membros rijos e fortes
Graças a este unguënto. É bem barato:
Posso vender-lhe dois pacotes?

Você está velho - disse o jovem - e seus dentes
Pra mastigar já estão fracos demais.
No entanto, devora um ganso, é surpreendente.
Me diga: como é que você faz?

Quando jovem - disse o pai - eu era um justo
E discutia tudo com a patroa.
Por isso as mandíbulas, digo sem susto,
Ganharam tal força: não foi à toa.

Você está velho - disse o jovem - e ninguém diz
Que sua vista ainda está certa.
Mas equilibra enguia no nariz!
Quem lhe deu uma cabeça tão esperta?

Já respondi três vezes tais pilhérias
- disse o pai - e não banques o profundo!
Pensas que vou ficar ouvindo lérias?
Some, ou te dou um pontapé nos fundos!

Azul

Posted on 08:38 In:




























Eu tenho pensado em você,
Principalmente depois que você se vai.
Eu fico sempre aqui, pensando muito em você.
Eu não sei se isso é algo bom ou ruim,
Só sei que passo horas pensando em você.
Não sei ao certo se te quero longe ou perto,
Se você me faz feliz ou estraga meus sonhos e planos,
Se me salva ou me destrói.
Não sei se a minha constante necessidade de estar em seus braços ou de ouvir sua voz me embalando como uma menininha para dormir, são desejos saudáveis ou doentios.
A minha mente me traiu de todas as formas, mas as noites podem ser de um azul tão profundo e belo, que a insanidade em que me afogo só me faz pensar mais uma vez em você.






Mariana

Posted on 16:54 In:





























Mais um fim de noite incompleto, uma noite em que Mariana escrevia.
-Mariana! Mariana!
Não queria escutar. A porta continuaria trancada e a janela aberta a espera de qualquer acontecimento que valha a pena.
Só pensava em coisas estúpidas, e já não sabia mais o porquê rabiscava poemas tão mórbidos no pequeno caderno. Não entendia nem um pouco o porquê de sentir tanto ódio.
Ódio de todas as substâncias que o levavam para longe.
"Nenhuma droga pode te levar para longe de si mesmo." - Mais um rabisco no velho caderno reciclável. -
Mariana se fechava diante de problemas, sabia que era inútil, mas simplesmente não conseguia ter outra reação.
Além disso, realmente acreditava que milagrosamente as pessoas poderiam ler a sua mente.
"Vá tome mais um gole, está tudo bem - a mente grita sem palavras."
Tola Mariana, não há corpos perfeitos, cuidados excessivos, objetos materiais, nem palavras ou substâncias químicas que podem saciá-lo.

Natasha

Posted on 12:09 In:



























Tem 17 anos e fugiu de casa
Às sete horas na manhã no dia errado
Levou na bolsa umas mentiras pra contar
Deixou pra trás os pais e o namorado

Um passo sem pensar
Um outro dia, um outro lugar

Pelo caminho, garrafas e cigarros
Sem amanhã, por diversão, roubava carros
Era Ana Paula, agora é Natasha
Usa salto quinze e saia de borracha

Um passo sem pensar
Um outro dia, um outro lugar

O mundo vai acabar
E ela só quer dançar
O mundo vai acabar
E ela só quer dançar, dançar, dançar

Pneus de carros cantam
Thuru, Thuru, Thuru, Thuru...

Tem sete vidas mas ninguém sabe de nada
Carteira falsa com a idade adulterada
O vento sopra enquanto ela morde
Desaparece antes que alguém acorde

Um passo sem pensar
Um outro dia, um outro lugar

Cabelo verde, tatuagem no pescoço
Um rosto novo, um corpo feito pro pecado
A vida é bela, o paraíso é um comprimido
Qualquer balaco ilegal ou proibido

Um passo sem pensar
Um outro dia, um outro lugar

O mundo vai acabar
E ela só quer dançar
O mundo vai acabar
E ela só quer dançar, dançar, dançar

Pneus de carros cantam
Thuru, Thuru, Thuru, Thuru...




Efêmero

Posted on 18:54 In:


















O amor é o efêmero da vida,
A parte que se foi
Antes mesmo de tentar permanecer,
Que não sabe se ama alguém
Ou se apenas ama o simples fato de ser capaz de amar.

O amor é açucar
A paixão diabetes
E nós os tolos, que apesar de tudo, estão dispostos a provar.

Razorblade

Posted on 18:15 In:

Oh, lâmina de barbear,
me encara
me encharca o rosto grotesco
o metal cintilante sussurra convidativo
o espelho se tornou lamentações despedaçadas
Oh, lâmina de barbear,
você realmente pode levar tudo embora?
Não, não pode.
É simplesmente uma lâmina de barbear no canto da pia.
O chão de pedra continua mórbido e gelado
como tudo que eu almejei ter um dia.












Awful!

Posted on 12:30 In:






















He's drunk, he tastes like candy, he's so beautiful
He's so deep like dirty water
God, he's awful!

You're lost?
oh, where's your daddy? -it's so awful

Swing low, sweet cherry, yeah its awful
You've got your youth, yeah its awful
I was punk, now i'm just stupid
I'm so awful!











A lagarta e Alice olharam-se por algum tempo em silêncio. Finalmente, a Lagarta tirou o nargulé da boca e perguntou, em voz lânguida e sonolenta:

-Quem é você?

Não era um começo de conversa muito animador. Um pouco tímida, Alice respondeu: - Eu... eu... nem eu mesmo sei, senhora, nesse momento... eu... enfim, sei quem eu era, quando me levantei hoje de manhã, mas acho que já me transformei várias vezes desde então.

- Que é que você quer dizer com isso? - perguntou a Lagarta, rispidamente.- Explique-se!

- Acho que eu mesma não posso explicar - disse Alice - porque eu não sou eu, está vendo?

- Não, não estou.

- Acho que não posso explicar melhor - replicou Alice com polidez - porque eu mesma não consigo entender, pra começar. E depois, ter tantos tamanhos diferentes num dia só é muito confuso.

- Não, não é.

- Bom, não sei. Talvez a senhora ainda não tenha passado por isso - continuou Alice - mas quando tiver de se transformar numa crisálida... pois isso lhe acontecerá algum dia, não é? ...e, depois disso, numa borboleta, tenho a impressão de que achará meio esquisito, não?

- Nem um pouco.

- Bom, quem sabe a sua maneira de sentir talvez seja diferente - disse Alice - mas o que sei é que tudo isso pareceria muito esquisito para mim.

- Você! - exclamou desdenhosamente a Lagarta. - E quem é você?

Isso levava tudo outra vez ao início da conversa.

Ole black n brown eyes

Posted on 10:25 In:





















Nas raras noites que eu me pego lembrando de você, eu não sinto sua falta, nem te sinto de qualquer forma que não seja lamentável... Mas confesso que sinto falta de te ouvir cantando pra mim.
Sinto falta de deitar naquele velho sofá e esperar seus olhos procurarem os meus e cantarem para mim: "Ole black and brown eyes..."
Um sorriso e nada mais.
Não sinto falta de te sentir.
Não sinto falta de beijos, nem do gosto áspero, e confesso que a essência de tudo era nauseante.
Mas sinto falta dos olhos, das misturas de cores e de amores que apodreceram num velho sofá.

























- Meu bem, eu sei que acabei de chegar... - hesitou por um instante - mas é que eu terei de viajar de novo amanhã... de manhã.- Pronto, tinha falado e não queria olhar nos olhos dela -.
-Mas, de novo? - Disse baixando os olhos -
-Sim... Eu sei que tenho estado longe, mas eu recebo pra isso e preciso realmente ir.
- respirou fundo tentando esconder o olhar desapontado e disse - Claro, eu entendo. - e realmente sempre entendia, entendia até demais - Sentirei sua falta.
- Amo você.


***


Durante uma tarde tranquila sem fazer nada, a campainha toca.
Não esperava ninguém, muito menos quem encontrou de pé na porta com olhos superiores que ela não sabia o porque de tal sentimento de superioridade.
Disse um breve "oi" e foi entrando ferozmente pela casa. Olhava tudo, queria ver tudo de perto -talvez perto até demais que se tornava doentio -.
Finalmente quando não havia mais jeito de criar brigas pela invasão, a garota parou com os olhos fixados e investigadores para um grande quadro de fotografias e disse no mesmo tom autoritário que indicavam seus olhos:

- Não vejo minha irmã.
- Também não vejo - a ironia é um eufemismo perfeito para situações onde o instinto animalesco fala mais alto -
- Você mandou jogar isso fora também?
- O que mais eu mandaria jogar fora? Já que sou tão ruim a ponto de ordenar e manipular.
- Jogou fora uma estrutura que era perfeita. Perfeita até você se incluir tomando o lugar de outros e fazer tudo ruir. Você não é como nós, nunca ferá parte de coisa alguma.
-já estava cansada da mesma ladainha e resolveu sair da posição de calma - Eu nunca faria isso, não me acho no direito de manipular ninguém, como também não tenho vontade alguma de fazer parte da sua brincadeirinha doentia. Eu não quero ser e muito menos agir como... - parou de repente. Não valia a pena, e só -.
- Que seja. Mas também não vejo fotos suas. Estranho não?
-Momentos importantes não podem ser registrados em fotografias - não valia a pena continuar. Deu um longo suspiro - Não tenho o direito de "invadir residências" e de entrar em assuntos que não são da minha conta. Ninguém tem algum direito de julgar as decisões de quem ama. E sinceramente, esse quarto não é meu para eu saber qualquer informação concreta pra sua brincadeira de interrogatório.
- Ótimo, o joguinho acabou então. Aqui não é nem sua casa.
- Nem por isso te dá o direito de ir entrando.
- Não se preocupe, minha consciência está limpa quanto a isso. Pois, se alguém como você entrou e permaneceu por tempo até demais...
-um forte empurrão e uma porta batendo com vigor- Mas que diabos essa infeliz veio fazer aqui com essa cena tão patética?


Cigarros

Posted on 04:36 In:




























A suavidade da fumaça alta e impregnada no seu corpo
No meio de certa noite quente e chuvosa
No meio de uma rua deserta e serena
Em meio aos respingos no vestido,
Eu aguardo
Fixando os olhos fielmente na esquina da rua,
Onde espero encontrar um rosto molhado

A fumaça morna conforta,
Enlaça-se no vestido e carrega todos os anseios do mundo

E o seu vício me abre o desejo
E o meu vício me leva ao aroma fixado na pele
O seu vício nos cigarros
O meu vício no teu cheiro com cigarros
O vício nas promessas tragáveis
O vício em deixar para trás toda uma vida cancerígena
Em sentir um prazer sombrio com todos os nossos vícios

Olhou-me nos olhos e disse sereno:
“Você escolhe demais pequena, escolhe tanto, que esse mundo todo aos teus pés se transforma rapidamente em fumaça”

Saiu pela janela do quarto
Saiu para comprar cigarros e não voltou
Mas continua sempre ali, como a fumaça.

Beautiful

Posted on 12:09 In:



























Beautiful, you're beautiful, as beautiful as the sun
wonderful, you're wonderful, as wonderful as they come

And i can't help but feel attached
to the feelings i can't even match
with my face pressed up to the glass, wanting you

Beautiful, you're beautiful, as beautiful as the sky
wonderful, it's wonderful, to know that you're just like I

And i'm sure you know me well, as i'm sure you don't
but you just can't tell
who'll you love and who you won't
and i love you, as you love me
so let the clouds roll by your face

we'll let the world spin on to another place
we'll climb the tallest tree above it all
to look down on you and me and them

don't let your life wrap up around you
don't forget to call, whenever
i'll be here just waiting for you
i'll be under your stars forever
neither here
nor there
just right beside you

Pão

Posted on 07:32 In:


















O pão nosso de cada dia nos dai hoje.
Pão recheado de paradoxos.
Pão que asfixia, mas não mata.
Pão que alimenta.
Inssiste em impedir o óbito ao acaso incostante.
Por outro lado, todavia...

Quem disse que o fraco é aquele que escolhe apenas não comer?



Cuida de mim - O Teatro Mágico

Posted on 15:11 In:



























"Pra falar verdade, às vezes minto
Tentando ser metade do inteiro que eu sinto
Pra dizer as vezes que às vezes não digo
Sou capaz de fazer da minha briga meu abrigo
Tanto faz não satisfaz o que preciso
Além do mais, quem busca nunca é indeciso
Eu busquei quem sou;
Você, pra mim, mostrou
Que eu não sou sozinho nesse mundo.

Cuida de mim enquanto não esqueço de você
Cuida de mim enquanto finjo que sou quem eu queria ser.
Cuida de mim enquanto não me esqueço de você
Cuida de mim enquanto finjo, enquanto fujo.

Basta as penas que eu mesmo sinto de mim
Junto todas, crio asas, viro querubim
Sou da cor, do tom, sabor e som que quiser ouvir
Sou calor, clarão e escuridão que te faz dormir
Quero mais, quero a paz que me prometeu
Volto atrás, se voltar atrás assim como eu.
Busquei quem sou
Você, pra mim, mostrou
Que eu não sou sozinho nesse mundo.

Cuida de mim enquanto não me esqueço de você
Cuida de mim enquanto finjo que sou quem eu queria ser.
Cuida de mim enquanto não me esqueço de você
Cuida de mim enquanto finjo, enquanto fujo, enquanto finjo."



O amor vê cara, vê coração e vê saldo de conta.
O amor vê carro, casa e perfume Dior.
Chora por desconto e corre em liquidação.

O amor procura o fácil, belo e de qualidade - sem esquecer o parcelamento de quatro vezes no cartão-
Leve agora e pague depois
Se o produto estiver estragado? A culpa é de qualquer outro por aí...

O amor só existe de forma pura na infância, em Branca de Neve ou Cinderela não há nenhum tipo de cobranças. E mais tarde descobrimos, que todo esse amor de conto de fadas, serviu apenas para o lucro de cineastas rechonchudos.
Mas porque tais produtores não passam a mensagem real?
Será que não percebem a lavagem cerebral infantil que criam?

A Disney é a maior criadora de futuros relacionamentos frustrados, criados ao léu e embasados na ilusão.
Pois o amor do mundo real se consiste numa massa capitalista, que lucra com filmes e mostra apenas o lado feliz raramente existente.
O ser humano é um eterno masoquista que adora viver num plano superior ao próprio.
E afinal de contas, quem hoje em dia gostaria de assistir à sua própria e frustrante realidade?



*Escrito em alguma terça-feira de Setembro.



















Fosse ou não (e acho que não era) parte da coreografia total, ainda assim suas palavras produziam efeito.
Especialmente naquelas meninas suscetíveis ao que chamamos de paixão de estudante, como eu. Um tipo de emoção - ás vezes muito forte - que uma menina sente pelo professor ou diretor de uma peça. E o objetivo dessa emoção geralmente é mais velho, o bastante para ser pai da menina.
É assim um misto de amor que se tem pelo pai e do amor que se tem por um amante.
Era como se ele soubesse o segredo de variar de tamanho, como Alice, no começo do livro.
Podia ser muito adulto e paternal, e subitamente diminuia, com a alegria e espontaneidade de uma criança.

Sombras

Posted on 14:40 In:





















A verdade nua e crua era que sentia falta dele, mal podia imaginar a vida sem ele, estava sempre esperando encontrá-lo na sala ao lado, em uma das poltronas que sempre usava, ou entrando por uma porta, dizendo: "Ah, Alice!", com uma expressão que sempre parecia de prazer autêntico.
Não conseguia encará-la de frente, via apenas as sombras lançadas pela espera da morte.
Estava sendo tola e até covarde, estava cansada de se fingir corajosa.
Sem ele para servir de audiência, parecia não haver nenhuma razão para continuar a luta.
Havia suportado a morte dos pais com bravura, mas agora podia sentir o que bem quisesse.

Um chá

Posted on 14:17 In:

Tinha a fatal ilusão de que não tinha ilusões...

- Você ainda se importa? - disse Rhoda
- Sim, eu me importo - admitiu Alice.
- Tolice!
- A tolice é uma parte essencial da vida - disse Alice, permitindo-se um sorriso malicioso.

Não fazia muita questão de que ela entedesse. O tempo que tinham passado juntas fora suficientemente deprimente.



















Sentia-se um impostor.
Em sua própria casa, com sua própria mulher, sentia-se um estranho.
Dava lhe um prazer sombrio essa sensação.
Era como o presságio da sua partida iminente, uma sugestão tentadora do que seria, não exatamente olhar para baixo, através das nuvens, para sua antiga vida e sua viúva, mas suficientemente próxima disso para ser fascinante.
Várias vezes notou como Alice passava geléia metodicamente na torrada. Ou, no fim da noite, observava com a atenção de um naturalista o modo como ela colocava os anéis na penteadeira e o bracelete de ouro trabalhado na caixa forrada de veludo.
Afinal, os pequenos gestos eram tão cativantes como qualquer coisa que ele pudesse imaginar.

Vislumbres roubados.
Lampejos colecionados.
Prêmios estimados.
Era totalmente absurdo, o oposto de qualquer manobra razoável por meio da qual ela estaria armazenando lembranças dele, tentando fixá-lo nos olhos da mente para os anos vindouros. Estaria ela?
Ele achava que não. Sabia que, quando ela fechava os olhos, não era para congelar o presente, mas para derreter o gelo do passado, para voltar ao paraíso perdido da infância, ser aspirada de novo para dentro daquela toca de coelho...

Porém, cedo ou tarde ele iria embora,
e mesmo não querendo ser nietzscista,
Alice sabia que aquela toca de coelho era apertada demais para dois.





















Ele poderia ter tirado Alice da toca do coelho,
podia ter sido Orfeu e ela Eurídice...
com mais suavidade ou mais aspereza do que tinha usado todos aqueles anos. Ou com maior insistência.
Não só na cama, mas no modo de vida dos dois...
Ela sempre se retirava para aquele seu mundinho no País das Maravilhas e ele respeitara essa atitude, porque achava que era isso que era o certo a fazer.
Mas isso tinha significado esconder dela os seus sentimentos.
Privara-a das indicações, às quais ela poderia ter reagido, de que se sentia só, de que tinha medo. Era mais sincero com as moças de Glenda*, permitindo que soubessem do que ele precisava. Naturalmente, eram pagas para lhe dar prazer e tinham obrigação de servir, lisonjear e até mesmo mentir, dizendo que ele era maravilhoso, caso fosse isso o que ele quisesse ouvir.




*Amantes do bordel de Glenda.


- Do nada não se pode tirar nada - disse ele.

- Perdão, o que disse?

- Nada, nada - respondeu ele. - Na verdade, quem deve pedir perdão sou eu.


A jovem era atraente, tinha muita boa vontade, havia tentado ao máximo com ele, mas nada, nada, nada, nada. Para parodiar o rei Lear. A outra citação era também de Lear, Hargreaves tinha certeza, embora fora de contexto.

O cabelo vermelho da jovem espalhado sobre a barriga branca dele era um espetáculo doloroso.


- A culpa é minha - disse ele - Ou pelo menos não é sua. Não tenho passado muito bem.

- Coitadinho - disse ela, com um último tapinha de adeus no membro flácido. - Aceita champanhe? Ou um brândi?

- Se me acompanhar. Champanhe?

- Bem, só uma taça - disse ela. - Vou buscar. - Vestiu um longo robe trasparente.


Hargreaves ficou ali deitado, considerando os absurdos da sua posição.




























[...]

- E ela é feliz? - perguntou Alice.

- A mim pareceu que é - respondeu ele - , mas acho que dece ter feito questão de se mostrar feliz... para mim. Ou para você. Trata-se do que você representa, eu acho, para muita gente, e para ela também.

- O que é que eu represento?
- Felicidade. Ou inocência. O que podemos lembrar da infância ou o que imaginamos. Você é a infância que todos nós gostaríamos de ter tido. E quem quer admitir ao próprio eu da infância que não conseguiu encontrar a felicidade?
- Acho então, que ela tem sito tão feliz quanto a maioria de nós.

Sick Boy

Posted on 22:36 In:






















Enquanto inalava o pó, eu o observava.
De longe, mas não tão longe.
Eu, de frente.
Ele, de perfil.
Meus cabelos atrapalhavam um pouco a minha visão ou era eu que não queria ver?
Mas estava bem atenta ao rosto dele, para que não me escapasse qualquer tipo de expressão.

Ele continuava a inalar.
Parava, me observava.
Inalava, com crueldade.
E eu na mesma posição, com a cabeça um tanto abaixada, mas o olhar erguido.
Olhava para dentro dos olhos dele durante a pausa que ele dava para me olhar.
Me arrancava um sorriso de canto de boca, mas eu abaixava a cabeça novamente e continuava a escrever.

Sobre o que?
Sobre aquela bela e ao mesmo tempo desprezível visão.
Se você observar, verá que ele é tão doce quanto eu.
Ou pelo menos tanto quanto finjo ser.

E toda uma vida, toda uma morte passa pela minha cabeça.
Tudo que é belo e nojento.
Amor, ódio.
Vida, morte.
Nesse exato momento, enquanto ele se mata aos poucos, me torturando, eu o vejo como um pai que partirá em breve, como um noticiário triste de um patético telejornal, como um amante que simpatizei, como um amigo que não mais terei.
Então, ele será apenas um pretérito, o meu pretérito mais-que-perfeito.






*Na foto o personagem mesmo sendo do mesmo filme, não é o "Sick Boy". Porém achei que ficou melhor caracterizado assim.

A Família

Posted on 13:33 In:


"O mais difícil de tudo era serem todos pessoas tão simpáticas.
Ele o amava, mas enchiam-no de tédio, e quando chegou domigo à tarde foi um alívio estar guiando para o aeroporto.
Sentia-se culpado por pensar assim, mas eles todos levavam vidas tão normais, tão rotineiras. No final de um fim de semana ele sempre se sentia um desajustado. Pelo menos a mãe se divertira."



"Continuamente leva a mão ao bolso traseiro da calça para sentir a segurança do frasco arredondado de bebida, de alumínio fino mas sólido, prometendo consolo e coragem, assim que ele possa encontrar um lugar convenientemente isolado. Como Fotheringay, que também bebia às escondidas.

Fotheringay, companheiro no serviço da Guarda Escocesa, certa vez admitiu que o homem que bebe sozinho é o pior tipo de bêbado, mas quando Caryl perguntou por que então não procurava se corrigir, Fotheringay respondeu: - Ora, Caryl, as pessoas que podem se controlar não compreendem o problema. Não têm a mínima ideia do que é a vida. Vivem em um sonho. Para nós, o único meio é com a ajuda da bebida."

O Mergulho

Posted on 13:14 In:



























"Apóia-se no atril para se equilibrar melhor.
Seria terrível desmaiar, pensa ela.
Mas seria aceitável morrer ali, para ser transladada do tempo naquele instante, conduzida para a eternidadde por aquele aplauso infatigável.
Ser devolvida àquele País das Maravilhas, que ela viu de relance mas nunca conheceu, ou no qual viveu tão brevemente, que mal consegue se lembrar!
Os olhos de Carrol*, ela lembra bem, eram límpidos e tristonhos, mesmo quando ele contava piadas, mesmo quando estava rindo.
Ser devolvida àquele olhar sombrio ou finalmente se libertar dele - as duas coisas seriam aceitáveis."







*Lewis Carrol, escritor de Alice in Wonderland

Adiós Amigos

Posted on 09:46 In:



























Éramos cinco,

Éramos quatro,

Éramos três,

Éramos plenas.

Riamos e brincávamos as custas de nossas próprias tragédias.

Éramos três confidentes, três passados e três futuros, que sonhávamos um dia ser entrelaçados.

Éramos a base da pilastra central.

Mas um dia todos os sorrisos foram lentamente ficando amarelados, e o telefone não tocava mesmo em datas especiais.

"Desculpe-me por algo que não fiz".

Começou com sorrisos distantes e terminou com faces mórbidas e duras por falta de expressão.

Mas hoje eu posso dizer adeus, pois choros no canto da casa que fui intrusa não me comovem mais.

E os encontros ficaram marcados por um único elo fraco e transparente, que por muito tempo, foi a base de sustento de algo que já ruiu.

O que somos agora além de perfeitas estranhas?

Estranhas que julgam e machucam por ter orgulho demais.

Acabou-se toda a magia e cor do nosso agora distante "arco-íris".

É o fim do BNDU, e o início de toda a minha tortura com relacionamentos frustrados.

Sejam bem vindos ao mundo real.

E nesse mundo não há amiguinhos nem arco-íris.

Aqui você está só, você se vira só, e se não se virar será sugado até os ossos.


*Foto: Alice no país das maravilhas, Alice e o Coelho.
Escrito em 23/07/09

Enlouqueça e ironize

Posted on 14:31 In:




























As pessoas podem ser insanas, impulsivas e obsessivamente loucas.
Porque se acomodam em viver assim?
Como podem viver assim?
Porque fazem mal para outras, ciente do que estão fazendo e sem justificativas concretas?
Será que no fundo realmente acreditam nas justificativas que criam?
Ou será que tudo não passa de uma ficção bem criada em conjunto?

Quando criança, eu costumava inventar mentiras para ter amigos.
E as vezes, elas se tornavam tão repetitivas, que acabavam fazendo sentido e se tornando reais pra mim.
Como num sonho recente.
Ou talvez, um sonho de um sonho.
Hoje, mal consigo segurar meus próprios pensamentos
A ironia é que a verdade até hoje nunca me ajudou
E o insano é que eu continuo fiel a ela.
Hitler afirmava que uma mentira contada mil vezes se torna verdade, mas isso realmente justifica todo o dano causado?
No fundo, quando despertarmos de nosso sonambulismo, a verdade vem a tona e junto com ela a sujeira que ficou debaixo do carpete.
Assim como a história já nos mostrou.














*Eu escrevi isso quando tive de ficar um bom tempo longe de um amigo, mas serve para vários momentos em que me senti injustiçada com pessoas que fazem coisas que simplesmente não há como nem tentar entender.

Over

Posted on 15:10 In:





















Não peça para nutrir-lhe em meio à minha própria anorexia.
Tire-me deste pesadelo!
Jogue-me da janela!
Despedace o que restou firme.
Minha pele queima, inflama e não há cicatrizes além das alucinações.
Faça tudo parar!
Tudo que invade meus limites, e corrói até entranhar fundo nas feridas dos mais obscuros pesadelos.
Não me deixe cair;
Não me deixe queimar;
Não me deixe!
Eu preciso de algo para acreditar.
Faça meu corpo se mexer!
Faça essa dança aleijada ter fim!
Não deixe que me toquem;
Não deixe que me usem;
Não deixe que se masturbem.
Diga-me o porquê de tantas lágrimas e gritos!
Diga-me quando cada pedaço do meu corpo se definhar...
Porque eu me sinto tão morta?
Porque tenta tanto me matar?
Faça-me voltar ao normal!
Deixe-me na beira da estrada!
Não gostaria de me matar?
Tudo preto no branco.
E entre achados e perdidos,
Acabamo-nos todos.























Nenhuma substância nesse mundo pode nos parar.
Todas as mentiras mal contadas e reescritas por mim, não podem os mudar.
Já foram escancaradas todas as portas, e eu me tornei ainda mais insone.
Nossa doçura se esparrama todas as noites junto com todas as promessas e juras, que eu posso sentir que são reais, mas um dia podem se tornar apenas boas lembranças ofuscadas, omitidas e sem vida pela sua aversão a distância.
Não escrevo do que é intenso demais meu amor, porque não existem palavras suficientes no meu país das maravilhas. Aqui, são só sujeiras, cartas chamuscadas e mal resolvidas.
Eu realmente não me importo com o rumo que você escolhe guiar a sua vida, contanto que seja intenso e principalmente real.
Nenhum questionamento é por acaso.
As vezes a felicidade cega as nossas pequenas insatisfações,
mas por um momento, pequeno que seja,
que perdemos essa euforia e liberdade,
a insatisfação aparece muito maior que qualquer sentimento
e só vai embora depois de magoarmos quem amamos.
As vezes só precisamos acreditar.
Acreditar que independente do que foi agora é diferente.
O que todos nos precisamos é que o outro sinta.
Sinta exatamente como nos sentimos e principalmente nos sinta como ser humano.
E no fim das contas, os questionamentos são mal feitos, mas feitos.
E os resultados, em sua maioria, pressionados.
Tudo repleto de tédio mal amado.


É um fato que tudo está mudando:
Músicas boas já não existem mais.
E as que são, são regravações das antigas.
Baladas de amor são um porre.
Tv é um lixo.
Novela tenta regravar a realidade de contos de fada distorcida.
Malhação? Uma reciclagem que merecia ter ido para o lixo.
Não existem mais ideais.
Temos tudo de mão dada.
Não há mais luta.
E muitos nem percebem.
Nós só comemos fast food.
Pizza, hot poket, miojo, lanche vão virar jantares mais vezes do que gostaríamos.
Que ter 17 anos é quase ter 18. E 19 quase 20. Mas, ter 17 não é o mesmo que ter 18 e que ter 19 não é o mesmo que ter 20.*
Pequenas diferenças contam muito.
Amigos são colegas e melhores amigos são amigos.
E acredite, amigos são comuns. Melhores amigos não.
A ilusão não acabou.
Baseado virou comum,
sexo com estranhos também.
Ir no cinema é divertido até aos 14 anos, quando beijar ainda podia ser interessante.
Amor inocente existia até essa época também.
As pessoas se tornaram monótonas.
Beijar hoje em dia é como um cumprimento comum e compromisso mesmo é fazer sexo.
Se excitar é algo realmente difícil.
Falsas beatas são as mais curiosas e quem é puta, é puta assumida! (e gostar de sexo, não é ser vagabunda. Há uma grande diferença).
Quando algo íntimo é escandalizado, não importa que postura que você sempre levou, você será uma vagabunda também.
E em qualquer lugar que você vá sempre, sempre terá um idiota, porque fofocas sempre vão existir.
Algumas delas serão verdade, mas a maioria sempre será inveja. /fikdik
Futebol é sinônimo de briga.
Falar da mãe é comum.
Mulheres se tornam barraqueiras com um pouco mais de bebida e um pouco mais de rapazes para chamar a atenção.
Bebidas comuns não têm mais efeito, o que é legal mesmo é beber ou vodka ou uísque puros – e misturar com algo que te deixe alto.
Vícios são bons até certo ponto...
E viva à balada!
Baladas sempre são sinônimos de bebida e pegação.
Há dias que todo gato será pardo.
Há dias que não importa o quanto você esteja desiludido com o mundo, alguém pode mudar isso.
Amigos (melhores) podem mudar.
Você pode mudar também.
E as coisas vêm mudando.




*Lembrei de uma grande pequena menina e amiga, de apenas 15 anos.

** Eu não sei bem de quem é a ideia central desse texto.

"Annie are you ok?"

Posted on 14:37 In:

Não sei bem o porquê, mas eu gosto de quando você insiste no refrão em saber como a Annie está.
Não se preocupe.
É eu sei que eu sempre falo para não se preocupar e no fundo há algo para se preocupar... Mas sejamos realistas, foi você quem me pediu certa vez para não te preocupar antes de algo que requer certo peso nos ombros.
Mas Annie continua com os ombros pesados...
Anne diz que odeia mais do que gostaria e que não sente mais vontade de escutar nenhuma música sequer.
Annie, você está bem?
Não adianta cuspir mais sermões, seus ombros não agüentam mais e ela jogou todos os terços de cabeceira fora aos onze.
Não me venha com métodos para tirar todo o peso, ele já está estagnado.
Mas não se sinta mal, isto não começou com você, mas irá terminar com você.
E diga ao pequeno Michael, para guardar os sermões de encorajamento para a terapia e os xingos que impõe uma solução imediatista para o exército de nosso pai.
Annie só precisa saber que você está ali
Annie não deseja mais palavras além das que vem das minhas músicas
Annie não quer mais sonhos vazios, eles já fazem seu mundo se encher de concreto demais.
Annie precisa ir embora.
Mas mesmo assim, ela insiste que eu pergunte todos os dias como no refrão:
Annie, você está bem?

Imposição, sim ou não?

Posted on 12:14 In: ,

Utilizar a força, nunca é o caminho correto, mas e quando a força e apenas a força podem fazer você conseguir o que é necessário?
O que fazer quando o único caminho é a imposição?
Odeio ter de dar razão a ideologias antigas guiadas pelos princípios da imposição, mesmo que seja apenas uma vez, eu não acho certo utilizar de tais métodos, mesmo quando é extremamente necessário.
Só me resta tentar pela última vez segundo meus princípios, mas se isso não funcionar, eu sei que quem vai carregar todo o peso nas costas no final sou eu e mais ninguém envolvido nessa história.
Porque quem começou a usar métodos sujos pra descobrir o que no fundo já sabia, também fui eu.
A culpa de quem descobriu a sujeira, pode ser muito maior do que a de quem a fez.

"Nem tudo são flores"

Posted on 09:13 In:

E porque não?
As pessoas se empenham, eu sei que cada um de nós quando quer faz o seu melhor, claro dentro de suas próprias convicções.
E muitas vezes o melhor para nós, nem sempre é o melhor para o outro.
Mas então, vale à pena mudar e perder sua própria identidade por outra pessoa?
E se mudar, é mudar para o melhor, porque te pedem isso?
Se você criou laços com alguém e essa pessoa te ama, obviamente tal pessoa deveria te amar pelo que você é e não pelo que você mudou para ser.
Por isso o amor é o sentimento mais complicado, ele exige aceitação das pessoas com suas qualidades e imperfeições.
Tem pessoas que quanto mais você conhece mais você se assusta com a verdadeira personalidade, e em alguns casos até mesmo com seu caráter. E muitas vezes não quer ou não consegue se afastar por apego ao que era antes, por costume e até mesmo por medo do que ela "se tornou".
Mas por outro lado, tem pessoas que quanto mais você conhece, mais você as ama.
E para mim, esse sim é o verdadeiro laço que é possível se estabelecer com alguém.
Mesmo sabendo que nem sempre tudo serão flores e que raramente encontrará tais pessoas,
vale a pena arriscar!
Post dedicado a uma grande amiga e a muitas pessoas que permaneceram até demais na minha vida.

I'm waking up to us*

Posted on 20:18 In:



















Quando penso em você, tudo fica mais bonito e até o sol da manhã é mais alaranjado.
Quando estou nos seus braços, tudo é tão simples, tão seguro e ao mesmo tempo repleto de ternura.
Eu me sinto tão feliz, tão plena, e tão esperançosa quando penso na sorte que eu tenho de ter alguém como você comigo. Alguém que me faz sentir tão única.
E como é bom saber que eu também posso te causar tais sentimentos, que eu também posso te fazer feliz. Porque você me faz a garota mais feliz desse mundo!
Eu não consigo pensar em mais nada, absolutamente nada para tirar, mexer ou modificar. É tudo tão bom, cada gesto, cada olhar, cada conversa e cada sabor.
Tudo tão por acaso, com uma inocência que não raro destrói vidas.
Mas tudo tão nosso e completamente são.


*Belle and Sebastian


Estou longe de Aristides, o justo, confesso.
Mas a coisa fica mais séria, quando percebemos a que caminhos a inveja pode guiar as pessoas.
Inveja às vezes é muito confundido com ciúmes, mas é uma coisa bem diferente da outra.
Ciúme é se preocupar com outras pessoas tomarem o que você ama, já a inveja é algo muito além, é odiar alguém que tem algo que você não tem ou até mesmo que pode chegar a ter algo que você não tem. Tal ódio pode se tornar muitas vezes irracional, mas não justifica nenhuma das ações resultadas dele.
A questão é que todas as vezes que eu tinha alguma conquista pessoal, uma parte dela morria.
Toda vez que ela via meu rosto se iluminar, ela tinha vontade de apagar tudo na minha vida.
Isso me lembra muito a tragédia de Rosemary, que assim como eu, nunca pensou nem por um segundo em "assassinar Beethoven". Simplesmente pelo fato dele ser um gênio.




(Já espero cliques em "não entendi o post" é realmente bem pessoal.)

Noite

Posted on 00:08 In:


Olá Miguel,
Eu sei que cartas são ultrapassadas e velhas, mas estou te escrevendo essa porque estou com uma vontade tremenda de te dizer tanta coisa! E noturna como sou, não quero de maneira alguma atrapalhar o seu precioso sono. Até porque você não escutaria uma só palavra dormindo não é mesmo?
A verdade é que não há nada de importante e urgente a dizer. É que eu apenas sinto a sua falta de uma maneira estranhamente absurda a noite.
Parece que a noite é tão mais fria e o dia tão mais pacato quando não começa com você ao meu lado... Isso tudo soa tão bobo não é mesmo?
E tem a parte psicopata noturna from hell em que eu nas minhas insônias me contento a te olhar dormindo, isso me dá uma estranha sensação de paz e tranquilidade, você pode não achar mas você é tão sutil e tranquilo quando está dormindo. Nessas horas tenho uma vontade de entrar nos seus mais profundos sonhos só pra tentar conhecer um pouco mais aquilo que me fascina.
Não sei mais o propósito dessa carta, a verdade é que eu poderia passar um bom tempo sem fazer absolutamente nada que não seja olhar pro céu com você ao meu lado, conversar sobre a vida e sobre o quanto essa nossa cidade tem falta de estrelas.
Mas e você, poderia?

Desejo de data

Posted on 23:42 In:


















-Hoje eu sei que datas especiais não provem de número algum, mas de nossos atos e sentimentos.

E as vezes, de alguma janela com uma brisa gostosa e poemas escritos a luz do luar.

-Não seja tolo Miguel! Luz do luar ficou na viola da vó. Mas às vezes precisamos de uma data, um número pra almejar e criar expectativas quando olha o calendário e ele ainda está longe...


-E também pra fazer o coração pular quando está perto e principalmente quando chega.


-Que seja, sinto falta de uma data meu amigo...

O Café Esfriou

Posted on 23:04 In:























Desta vez não fui capaz de sentir o gosto doce dos morangos rosados...
Tinha tudo para ter aquele gosto, mas eu simplesmnte não o sentia.
E aguardava pacientemente nos meus momentos furtivos, que eu pensava serem capazes de trazer a verdade a tona, que os morangos em algum momento iriam resolver aquele mal entendido...
Porém, no lugar dos morangos senti um gosto forte de sal, mas não fui capaz de escutar nenhuma onda do mar.
Só me restou me esconder e me encolher o máximo que pude.
E o quadro de fotos dos nossos quartos permaneceu vazio.
Vazio como as suas acusações.
Vazio como as minhas tentativas de esclarecimentos.
Vazio como as minhas expectativas.
Vazio como aquela noite escura.
Vazio como o meu coração se sentiu.
Não me deu uma chance sequer de olhar realmente além dos seus olhos.
Ele estava ali, mas não estava.
E de cheio, só havia minha xícara de café.







É exatamente por isso que não tomo mais café, são minutos de ilusão pura e fria, em que são só as mágoas contra você e você contra as mágoas.
Café está oficialmente abolido como estimulante para sair da fossa (principalmente a noite). FIKDIK

Provérbios

Posted on 22:41 In:

















"Perder o medo de perder, para não perder."


"O medo de perder tira a vontade de ganhar."


"Quando um não quer, dois não fazem."


[...]


"-Na minha família sempre se acreditou que quem conhece os provérbios, mal sugeito não é..."

(y)

Posted on 22:29 In:

Tudo pode ser incrivelmente bom,
Basta apenas não sonhar.
Pois sonhos são pros tolos que desejam amar.



(eu não suporto rimar, mas saiu.)

Intenso

Posted on 00:58 In:





















Quero meu corpo em seus braços
Paro o relógio
Deixo que o tempo se ausente
Se me for dado somente um minuto
Não lamento
Penso nele devagar
Quando me beija a boca
Quando me beija por dentro

Sou a puta da esquina
Sou a virgem Maria
Se o seu tempo for só de um segundo
Será nele que inventarei a eternidade

É assim que o amo
Não me importa
Se no minuto seguinte
Já não está comigo
Ele é o homem que amo

Se o seu tempo
For de um compasso
Que ele seja de pausa
Porque urge o silêncio

Se for um desenho
Que ele seja branco
Tão intenso o que sinto

Eterno é o momento
Quando ele me beija por dentro

Suéter Laranja

Posted on 22:48 In:















Todas as manhãs, seus olhos brilham para o laranja vibrante
Aquele sorriso gostoso não se desgasta
Não se influência
Mas possui um raro dom de me mudar.

Mais uma vez está quente,
Claro e lúcido
Sempre sonhando com os pés atolados ao chão
Chão que já foi a Roma, Berlim e Praga
Mas resolveu descansar num horizonte qualquer, em plena tarde de maio.

Não tem receio do gosto, deseja o corpo
Mergulha sereno por todas as melodias
Enquanto o tecido passeia mais uma vez na clareza das peles
Movido pelo som ele almeja voar.

Tornou-se hipnotizante com tamanho veneno
E no ímpeto de salvar um pouco da minha lucidez, questiona:
"Não deseja saber aonde vai parar?"
Não, é claro que não. Afinal, o que seria da minha insônia sem o âmago de todos os meus sonhos e pensamentos?
"Um vazio nos meus braços e um queimado de cigarro nesse suéter.”

Pois dê-me mais um trago.







*Não consigo parar de mexer nesse texto. Nunca está bom.