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About a Girl

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"Nasci em 1992, no interior do estado. A dança-teatro e o cinema formaram meu primeiro imaginário: a palavra vinha como complemento das imagens. Quando descobri os livros, bem cedo, aceitei-os apenas como o lugar das palavras e das idéias, vendo as imagens a que remetiam ou sugeriam, como fantasmas imponderáveis e sem substância, descabidos, impróprios para aquele tipo de veículo. Quando me pedem que fale de mim mesma, sinto o incômodo, pergunto: que imagem devo projetar? Tenho tantas. Acho que a melhor para o caso é a que passo nos próprios posts, de alguém que escreve mas não acredita nos fantasmas das palavras, embora eles sejam inevitáveis. E a melhor forma de conviver sem temor com essas fantasias é jogar com elas, torná-las risíveis, desautorizá-las, de modo a evitar o poder técnico abusivo que tem quem escreve, para iludir o leitor."

Aos destinatários destas palavras

"Pra dilatarmos a alma
Temos que nos desfazer
Pra nos tornarmos imortais
A gente tem que aprender a morrer
Com tudo aquilo que fomos
E tudo aquilo que somos nós"


O Teatro Mágico

Quem lê

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Perdoar

Posted on 11:28 In:




























Por que é tão difícil perdoar?
Porque sempre que tentamos fazer algo verdadeiro através do perdão, nos vimos pisados, de novo e de novo, até não acreditarmos mais numa forma de sentimento que nos subjuga sempre pra baixo.
Abaixo do outro que na verdade é quem deveria se envergonhar e lutar pela reconquista da confiança que foi fragilizada.
A ordem de tudo anda invertida ultimamente, estamos numa sociedade onde é heróico usar as pessoas, tirar vantagem ou fazer qualquer coisa para sair "por cima", não importa a forma.
Vemos todos os dias que os fins justificam os meios e temos que ser cada vez mais egoístas para se encaixar dentro dos "padões".
Porém, numa sociedade doente, se encaixar nos padrões e ser "normal" não significa ser realmente verdadeiro, não com os outros, além disso, consigo mesmo.
Ver além não é seguir conceitos pré-formados, por mais errado que possa parecer.
Voltando ao perdão, ao contrário do que dizem, não o acho um sentimento heróico, mas é cultural não é mesmo?
Pior, é bíblico.
Não vai ser hoje, nem amanhã que um pedaço de papel cheio de belas histórias míticas como também de erros e preconceitos hediondos vai me fazer mudar de ideia.
As experiências valem mais do que deduções e especulações, como já dizia Locke.
Não é que o perdão não exista, não ouso dizer isso.
Tal sentimento tornou-se prostituído, caracterizado sempre por quem é bonzinho, "puro de coração" e outros adjetivos que os contos adoram empregar.
Na verdade o perdão existe, só não é tão belo e ameno.
Deve ser usado? Sim, mas de forma inteligente.
Pena que inteligência emocional foi associada a pessoas frias e calculistas.
Bem, é só pensar um pouco... Elas não saem tão pisadas, no final.

Viajantes na Chuva

Posted on 20:00 In:




























Uma vez conheci um viajante num café.

Ao deixar este lugar,
Ele escreveu que podia ter ido embora, mas que nunca me deixaria.
Mas, um dia, o viajante começou a me deixar... Aos poucos.

Eu tentei dizer...
Tentei lhe explicar que o que está escrito tem um significado muito maior do que o que é falado - e que era por isso que eu escrevia -.

O viajante se enfureceu porque eu li suas palavras secretas.

Só não sabia que foram as palavras mais belas que eu já havia lido em toda a minha vida.
E ao perceber que eram pra mim, e tomá-las - sem ter o direito - como um presente desviado pelo acaso, me senti por um momento a mais amada das criaturas daquela estrada.





























Copo de conhaque barato na mão.
A viagem não é demorada mais, foi suprida pela ânsia de ir, de fugir, se elevar daquilo tudo que ficou pra trás na estrada.
Deixei você na estrada hoje também.
Pudera eu, deixar junto de ti toda a ira que despejou em cima de mim e cada ferida encravada abafada pela desculpa de lembranças doídas de quem já se foi.
A morte dói, e é usada como refugio de problemas dos vivos.
Tecidos se rompem.
Sonhos se rompem.
Ao contrário do que diz, não há nada de belo em tudo isso. Também não há nada de horrível.
A verdade é que não há absolutamente nada.
E como vi hoje, o Nada pode ser pior do que o Tudo. Pois o Tudo preenche, dissumula e aquieta com a mentira. Já o Nada, escancara a falta. É direto, assim como a sua vingança.
Durma bem, minhas lembranças ainda são belas.
As lembranças sempre são, pois é tudo que podem guardar.
Porém, hoje a noite não sinto vontade de suprir sua falta.
Tudo que eu quero essa noite é o velho quarto, a velha casa e nossa velha vida sem perspectivas individuais. Por um momento, tudo foi só nós dois.
Durma bem,
Durma bem.


Teoria dos Muitos Mundos

Posted on 12:19 In:

















(...)

Pode parecer estranho, mas a interpretação dos Muitos Mundos de Everett tem implicações além do nível quântico. Se uma ação tem mais de um resultado possível, então - se a teoria de Everett estiver certa - o universo se quebra quando aquela ação é tomada, o que continua sendo verdade, mesmo quando a pessoa decide não tomar uma atitude.

Isso significa que se você já esteve em uma situação onde a morte era um dos possíveis desfechos, então, em um universo paralelo ao nosso, você está morto. Esse é apenas um dos motivos que faz algumas pessoas acharem a interpretação dos Muitos Mundos perturbadora.

Outro conceito perturbador da interpretação dos Muitos Mundos é que ela mina nosso conceito linear de tempo. Imagine uma linha do tempo mostrando a história da Guerra do Vietnã. Em vez de uma linha reta mostrando acontecimentos notáveis progredindo adiante, uma linha do tempo baseada na interpretação dos Muitos Mundos mostraria cada possível desfecho de cada ação tomada. Daí, cada possível desfecho das ações tomadas (como resultado do desfecho original) também seria registrado.

Uma pessoa, porém, não pode ter consciência de suas outras personalidades - ou até mesmo de sua morte - que existem nos universos paralelos. Então, como saberemos se a teoria dos Muitos Mundos está certa? A certeza de que a interpretação é teoricamente possível veio no fim dos anos 90, com a experiência mental - uma experiência imaginada, usada para provar ou desmentir teoricamente uma idéia - chamada suicídio quântico.





























O mito do eterno retorno diz‑nos, pela negativa, que esta vida, que há‑de desaparecer de uma vez por todas para nunca mais voltar, é semelhante a uma sombra, é desprovida de peso, que, de hoje em diante e para todo o sempre, se encontra morta e que, por muito atroz, por muito bela, por muito esplêndida que seja, essa beleza, esse horror, esse esplendor não têm qualquer sentido.
(...)
Se a Revolução Francesa se repetisse eternamente, a historiografia francesa orgulhar‑se‑ia com certeza menos do seu Robespierre. Mas, como se refere a algo que nunca mais voltará, esses anos sangrentos reduzem‑se hoje apenas a palavras, teorias, discussões, mais leves do que penas, algo que já não aterroriza ninguém. Há uma enorme diferença entre um Robespierre que apareceu uma única vez na história e um Robespierre que eternamente voltasse para cortar a cabeça aos franceses.

A idéia do eterno retorno designa uma perspectiva em que as coisas não nos aparecem como é costume, porque nos aparecem sem a circunstância atenuante da sua fugacidade. Essa circunstância atenuante impede‑nos, com efeito, de pronunciar um veredicto. Poderá condenar‑se o que é efêmero? As nuvens alaranjadas do poente iluminam tudo com o encanto da nostalgia; mesmo a guilhotina.

Não há muito, eu próprio me defrontei com o fato: parece incrível mas, ao folhear um livro sobre Hitler, comovi‑me com algumas das suas fotografias; faziam‑me lembrar a minha infância passada durante a guerra; diversas pessoas da minha família morreram nos campos de concentração dos nazistas, mas o que eram essas mortes comparadas com uma fotografia de Hitler que me fazia lembrar um tempo perdido da minha vida, um tempo que nunca mais há‑de voltar?

Esta minha reconciliação com Hitler deixa entrever a profunda perversão inerente ao mundo fundado essencialmente sobre a inexistência de retorno, porque nesse mundo tudo se encontra previamente perdoado e tudo é, portanto, cinicamente permitido.

***

A idéia do eterno retorno me faz lembrar da teoria física dos Muitos Mundos, que não tem muito haver com a primeira, mas traz uma analogia muito interessante de repetições, porem repetições diferenciadas, ao contrario da Idéia do Eterno Retorno.

Embora muito sábia a passagem do autor sobre Hitler, penso que a idéia de uma reconciliação não possa ser maior que a mágoa pelo que foi perdido, sendo portanto exageradamente efêmera demais, se encaixando perfeitamente nas teorias de Nietzsche do eterno retorno. O eterno retorno pede reconciliação e ao mesmo tempo uma sensibilidade um tanto fria.