Enfim, resolveu partir. Talvez porque simplesmente queria partir, não importando pra onde fosse. Ou, fosse apenas porque era preciso.
Sim, era preciso.
A doce menina de sorriso largo me abraçou forte e disse-me antes de ir: "Você vai ser feliz, não se esqueça. Você vai ser feliz"
E eu, ingênua e sonhadora, acreditei em suas palavras.
Todos os dias tenho de reafirmar o porque estou, enfim, aqui. Me enganar que os meus dias têm algum significado. Só assim, eu posso conseguir.
Posso?
É tudo sempre tão grande, e eu tão pequena e sempre perdida no meio das ruas sujas.
As pessoas sempre tão distantes, indiferentes.
O vento bate o tempo todo, forte e sem rumo. Mas não há cheiro de terra.
Sinto falta dos aromas, sinto falta de não sentir medo.
Doce menina, como posso ser feliz, se não vejo pessoas felizes por aqui?
Eu fico pensando, o que de fato as preenche ou as perturba para agirem assim...
Menina, me diga como é possível tudo perder tão rápido o valor?
A culpa é minha? Sua, que me enganou?
Não há a quem culpar.
A culpa é de quem se fez prender dentro da própria gaiola de pedra.