A mentira que eu disse
A desculpa que criei
o silêncio que fiz
O grito acima do tom
A gargalhada de deboche
O sono de olhos abertos.

Se rezei pensando em outra coisa
Se amei pensando em tomar cerveja
Se fiquei anônimo diante da acusação
Se ocultei desejos populares
Se não li a bíblia novamente
Se elogiei o presente desagradável.

Contando que eu não tenha sido mau
Contando que eu não tenha tido espasmos
Que eu nem tenha pensado no inferno da falsidade
Que o grau de loucura tenha sido natural
E o álcool somente passatempo.

Que tudo fique inerte no ar como antena sem sinal.
Nedasto e horrendo, fiz tudo sabendo que o fazia.
Ninguém viu... Apenas as coisas viram.
As coisas tem olhos.
... e os olhos das coisas pesam mais que o peso delas.




*Texto retirado do script da peça Judite Insone, que será apresentada no dia 10 de Julho. Não sei de quem é.